Menos pressão e pique depois da praia

Paulo Vieira

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COMO VEM ACONTECENDO JÁ HÁ UM PAR DE ANOS, veraneei no litoral de Santa Catarina. A temporada foi curta, 15 dias se tanto, suficientes contudo para que eu já sinta saudade da ostra, da casquinha de siri e do camarão farto aqui na “cidade linda” (era assim que estava escrito numa faixa sobre o rio Tietê).

Mas não foi uma Quinzena da Engorda. Em Floripa corri diversas vezes. O Atlântico me acompanhou na área central, em Jurerê, Cacupé, Santo Antônio, Daniela e Canasvieiras; e em Laguna, no sul do estado, onde o vento sul não faz a curva mas encana que é uma beleza, também fiz dois 15K, um deles com direito a tocar na pedra do Frade, que não dizem que dá sorte assim como não dizem que dá azar.

Mas já falei bastante daquelas plagas, como você pode ver ou rever nos links abaixo.

CONTORNANDO A MUVUCA EM JURERÊ

A PRAIA DESTE VERÃO

A CORRIDA COMO SEU PRÓPRIO ÔNIBUS DE TURISMO

NA BEIRA-MAR NORTE, O CHÃO DE IRACEMA

NINGUÉM VIRA NINJA POR TER COMPLETADO A UPHILL 

O que quero dizer é que estou há seis dias em Essepê e engatei só de raiva três cascalhos, nenhum deles feitos sob temperaturas dignas de Fernandópolis, Promissão, Jales ou Bebedouro, que é com o que a capital paulista se parece em janeiro.

E, mesmo assim, tem sido um sacrifício do kct.

O que está a acontecer?

Será que por ter corrido ao nível do mar meu corpo se desacostumou com a modesta altitude de 800 metros da poluída cidade linda?

Sabe-se que muitos atletas de alto rendimento passam temporadas em locais de altitudes muito mais elevadas que Sampa para ganhar condicionamento.

No Rift Valley, no Quênia, maior região produtora do mundo de fundistas campeões, há pirambas a 2 700 metros de altitude. Nos Andes colombianos, a 2550 metros de altitude, é conhecido o centro de atletismo de Paipa, onde já treinaram Marilson dos Salmos e Solonei Silva.

O SEGREDO DOS QUENIANOS

OS QUENIANOS DA PIZZA

SOLONEI E O EVENTO DA ASICS

Com o ar rarefeito dessas altitudes, o organismo tende a se adaptar com o tempo, supostamente produzindo uma maior quantidade de hemáceas, o que enseja um transporte mais eficiente do oxigênio pelo corpo.

A quantidade de oxigênio não muda com a altitude, mas o nosso poder de absorção do troço, sim – caindo em relação aos locais ao nível do mar.

(Até 3 mil metros cai pouco: vai a 95% em relação ao nível do mar.)

Quando o sujeito treinado na piramba desce pra correr, costuma não haver pra ninguém.

Mas e o contrário, quando o cidadão sai do nível do mar e vem, por exemplo, correr em Sampa? O que se passa comigo pode ter relação com pressão atmosférica? Era mesmo para eu estar pedindo água já na segunda volta de 4K do parque Villa-Lobos?

Cariocas, santistas, recifenses, soteropolitanos, manezinhos et caterva: é assim também com vocês?

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

Um Comentários

  1. Avatar
    Simone

    Senti o mesmo e só passei 5 dias no litoral. Lá voei até quando não queria, agora na primeira corrida aqui em São Paulo, fiz o pior tempo do mês. Kkk

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