A primeira e até aqui única maratona de Ricardo Capriotti, jornalista esportivo com algumas centenas, ou um milhar, um milhar e meio de domingos dedicados à rádio Bandeirantes e à TV Record, não acabou da maneira como ele havia planejado.
As avenidas arborizadas de Palermo, em Buenos Aires, testemunharam uma chegada difícil, sofrida. As altas temperatura e umidade naquele domingo de outubro de 2013 fizeram com que ele fosse perdendo a condição física.
Pior: teve uma desidratação.
O que era para ser um 3:30 virou 3:52. (Os meus 3:46 nos 42K de São Paulo, para comparar)
A dois quilômetros da chegada, girou a 7’34”, ritmo de caminhada ébria, e ao completar a prova sofreu um pequeno desmaio.
Para quem pontualmente às 6h30 da manhã das segundas e quartas está na USP treinando, para quem ainda tem saco para fazer musculação, a estreia foi um tanto decepcionante.
Fôlego, contudo, é o que não falta ao Fôlego, o programa sobre corrida de rua que ele apresenta junto com o colega Sergio Patrick e que completa sete anos bem vividos em setembro.
Com meia hora aos domingos, das 8h30 às 9h, e um arsenal de colunistas como os treinadores de corrida Claudio Castilho e Nelson Evêncio, os médicos Moises Cohen e Paulo Zogaib e a fisioterapueta Raquel Castanharo, o programa exubera no editorial. Só anda faltando contrapartida comercial, pois não há patrocínio exclusivo por agora.
Isso não é problema para a audiência, que, segundo Capri, é de 80 mil ouvintes por minuto (medição Ibope). Ele não soube me dizer quantas pessoas acessam os programas no site, que ficam integralmente à disposição de gente como eu, que às 8h30 do domingão corre pela Ipiranga com São João, pela estrada do Piko ou faz o pós-coito com folhado de queijo branco com gergelim em alguma padaria de Higienópolis.
Trinta minutos é um tempaço, e a dupla o aproveita bem, inserindo muita informação técnica e científica, pesquisas relacionadas a bem-estar, histórias de superação – gente que era obesa e deixou de ser, muito por conta do programa – e uma playlist que pode ser consultada neste link. Mas a ideia é dobrar o tempo do programa, e Capriotti acredita que isso possa acontecer logo.
Outra das grandes sacadas do Fôlego é a reunião de frases de corredores amadores. É uma frase só, justificando por que correm. As gravações no começo eram feitas pela Larissa, filha do Capriotti.
Peguei algumas.
A Leonor, de 72 anos, corre porque gosta;
o Mário, 63, porque faz muito bem para a saúde;
a Paula, 39, porque ama (correr);
o Eduardo, 29, quer ter mais saúde;
o Iberê, o grande Iberê, 36, corre porque correr o coloca no prumo;
o Capriotti, 48 pra 49, corre por saúde e para ter um tempo para raciocinar e pensar nas coisas do trabalho e da vida.
E há ainda uma “moça”, lembrada pelo Capri, que corre para não ter de ir ao divã.
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Mais legal do que foi falado até aqui é você, ou, digamos, eu, ouvir inocentemente o programa e, sem mais aquela, receber um abraço do locutor. Isso, como na propaganda, não tem preço.
Sei que não chega ao pé, mas se alguém quiser um abraço do editor lusitano-e-sofredor deste pasquim eletrônico, diga aí.
P.S. O Capri e o Patrick foram convidados a publicar um livro com as histórias dos ouvintes que perderam peso e passaram a viver melhor graças ao Fôlego, mas os caras não têm tempo, e a ideia flopou. Então entra lá no Twitter deles e põe fogo.
Veja aqui a primeira entrevista do Capriotti ao JQC, em 2013.
Esse sujeito o Ricardo caprioti é um irresponsável esse negócio de corrida tudo modismo dele