Testamos o Fila KR3 Knit

Paulo Vieira

DESDE QUE MINHA PARCEIRA JULIA ZANOLLI foi cuidar de assuntos um tanto mais complexos – tipo o salvamento do planeta – no Greenpeace, este pasquim perdeu 99,9% de sua expertise em testes de tênis.

O 0,01% que restou você já imagina a quem creditar.

Isto posto, peço vênia da audiência para publicar mais um… teste de tênis.

O objeto em análise é um produto da Fila, o KR 3 KNIT (KR de “Kenya Racer”; KNIT, fico devendo).

De cara, mais um disclosure: o bicho é leve é baixo, ou seja, tem os dois principais ingredientes para agradar o testador (jo!) e performar no nosso índice NF-14.

Explico: assim como a Economist criou o índice Big Mac, que compara o custo de vida dos países pela variação de preço do famoso sanduíche pelo mundo (sendo o Big Mac dos Estados Unidos o cursor, o zero), este JQC patenteou uma escala própria de comparação de tênis – no nosso caso, baseado na excelência.

É a tal NF-14, acróstico de Nike Free 2014, modelo que para este pasquim reúne o máximo de eficácia, conforto – e talvez até beleza – numa única edição de um tênis.

(Motivo suficiente, claro, para a Nike tirá-lo do mercado.)

Pois bem, nessa escala, em que o Free 2014 tem a pontuação máxima (10), o Fila vai bem.

E o danado ainda é chinfroso
E o danado ainda é chinfroso

Vai bem, mas não iguala, já que a) não tem o cabedal revolucionário do Free, que calça o pé à maneira de uma meia; b) não prescinde dos malditos cadarços (ainda que originalmente o Free venha com eles, mas basta eliminá-los); c) pelo conforto geral.

Mas falemos do Fila de uma vez por todas.

Peso: 176 gramas

Drop (variação de altura do solado): 8mm

Altura do solado no calcanhar: 3 cm

Cabedal: peça única, sem costura, utilizando, segundo o fabricante, “avançadas técnicas de tricô”

Roubando da parceira Silvia Herrera, que mantém uma belíssima coluna de corrida no Estadão, “é o único que segue todas as regras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e tem um senhor custo x benefício.”

Obrigado, Silvia.

Preço: de R$ 159 (Shoptime, aqui) a R$ 499,90 (site oficial, aqui)

O citado custo-benefício e o preço declinado acima já são razões mais do que suficientes para qualquer um se dirigir às boas do ramo, mas eis algumas impressões oriundas de duas corridas curtas, de 1h a 1h45.

– Os pequenos orifícios do cabedal cumprem seu papel na ventilação e, portanto, no efeito mágico de não deixar mau cheiro após a corrida. Matou a pau.

– Não dá para correr sem meia, pois o contato dos dedos com o tecido e biqueira podem levar à formação de bolhas em corridas mais longas. Pena.

– Nada que incomode, mas faz um barulho na pisada, como se estivéssemos com o tênis molhado;

– E, finalmente, pode soar meio trumpista e não querer dizer nada para a maioria esmagadora da minha esmagadora audiência, mas há um diferencial notável e espetacular neste produto: ele é produzido no Brasil. Matou a pau 2.

Veredicto: Nota 8,5 (com viés de alta) na escala NF-14.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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