Os 12 passos para a cura do vício da corrida

Paulo Vieira

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Sua vida social foi para o vinagre. Não vai mais a shows, só viu Batman vs Superman no cinema e mal se lembrou de descolar ingresso para a peça do Chet Baker do Massinha.

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Cabernet para você é como alho para o Drácula, aproveitou que restaurante custa $$$ que não tem e cortou geral e aquele peep show da rua Roma é uma lembrança esmaecida de sua jovem vida adulta.

Finalmente, balada é uma palavra que não teve seu significado alterado com o correr dos anos: deu 10, 10 e meia da noite e já começa a bater a lombra.

Reconheceu-se na descrição? Ornou? Como diria o Touro Indomável citando uma velha frase ocultista celta, “É, amigo…”

Não tem jeito, você só quer saber de uma coisa: correr.

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O vício te pegou. Para tentar recuperar aquela vida social ativa de antigamente, rever a velha cena do garçom já com o rodo na mão e as cadeiras sobre as mesas, siga os 12 passos deste programa de recuperação.

Cada paciente evolui de maneira diferente, mas um jeito batata de saber que deu certo é discutir política. Quando você passar a  usar palavrões em vez de argumentos minimamente racionais e estiver na iminência de quebrar o pau até com o chapeiro da padaria, tenha a certeza que você chegou lá.

Tem cura
Tem cura
  1. Seja honesto consigo mesmo. Admita que o vício te pegou e sua vida ficou ingovernável. A via da negação só vai lhe levar ainda mais para longe da praia.

  2. Tenha esperança que, com ajuda do Cara, everything is gonna be alright.

  3. Leve a sério a lição de Eclesiastes 1,2 e livre-se de toda a forma de prazer estéril relacionado ao vício. Apagar os apps de compartilhamento de distâncias e fechar suas contas do Instagram e Pinterest é essencial. Se possível, dê um passo à frente e elimine a fonte de todo o mal, o smartphone.

  4. Procure se relacionar com pessoas que não são clientes de assessorias esportivas e que não fazem ideia onde ficam os parques públicos de sua cidade.

  5. Vai ser muito difícil, mas tente aceitar convites para sair à noite. Comece devagar, uma happy hour aqui, um jantar acolá. O objetivo é encarar um Noitão do Cine Belas Artes ou equivalente em outras praças sem pescar no clássico da nouvelle vague exibido no meio da rodada tripla, aquele que começa mais ou menos às 2 da manhã.

  6. Restaure velhos hábitos démodés, como preferir automóvel ao transporte público. Quando você menos esperar, já vai estar detonando as ciclovias (e seus idealizadores).

  7. Prepare-se para resistir à tentação da recaída. Se necessário, compre cortinas do tipo blackout, aquelas que vedam completamente a passagem de luz. Tente pular da cama cada vez mais tarde. Dez da manhã é um objetivo realista.

  8. Inspire-se nos exemplos de superação (do vício). Como o do ex-maratonista Gesu Bambino, hoje completamente curado de seu passado corredor. Por umas poucas dilmas enviamos fotos de seu avantajado estado físico atual. Sigilo absoluto.

  9. No começo do tratamento, em fins de semana de provas de sua predileção, procure estar longe da “cena”. Vale viajar (prefira metrópoles feéricas como Xangai ou Moscou), mas tenha em mente que, à medida que a terapia evolui, vai chegar a hora de, como se diz na psicanálise, matar a mãe (ou seria o pai?).

  10. Use todo o simbolismo possível na hora de matar o pai (mãe?). Seja patusco, capcioso e gongórico. Vale fazer fogueiras com a coleção de tênis, jogar medalhas nos rios e transformar camisetas de dryfit em panos de chão (não vão ser muito úteis nessa nova função, mas simbolicamente significa). O clímax é passar a véspera da maratona tresnoitado. Se possível, escolha uma “balada” numa rua que será interditada para a prova.

  11. Em casos extremos, mas só em casos extremos, quando a síndrome de abstinência bater pesada mesmo, permita-se esmolar consolo no velho maço de cigarros.


  12. SQN

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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