Batendo cabeça na prova virtual

Paulo Vieira

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NA AUSÊNCIA DAS PROVAS DE CORRIDA como sempre as conhecemos, aquelas com hora certa para começar, muvuca, meia dúzia de colaboradores mal pagos dizendo “bom dia” e “vamulá, gente!”, medalha, maçã ou banana na linha de chegada, medraram as provas virtuais.

São poucas as semelhanças com as provas reais, mas algumas são marcantes: “bib” (número de peito), medalha – póstuma, via correio, desde que uma comprovação seja enviada ao organizador – e, se o incauto fizer muita questão disso, uma camiseta alusiva.

Era pra ser 21K, mas…

O trajeto é decidido pelo corredor, e muitas vezes ele se circunscreve a uma triste esteira posicionada no térreo do edifício do caboclo.

Mas é claro que você, a depender do nível da paranoia e de fetichismo, pode emular um circuito de corrida real, tipo a mara do Rio pré-queda da ciclovia ou Curitiba em sua plenitude… curitibana.

Pois bem, a Fila, que recentemente me brindou com dois modelos novíssimos da marca, lançamentos supostamente de corrida, um deles o Silva Racer, de que falamos aqui, também bancou uma prova virtual para o editor deste pasquim.

A treta era organizada pela empresa 99 Run, de que também falamos aqui.

Essas provas costumam ter um período determinado para você corrê-la.

No meu caso, entre os dias 23 e 25 de outubro.

Eu podia escolher a extensão do desafio, e, modesto, cravei os 21K.

Uma viagem de última hora para Florianópolis justamente nessas datas deu ainda mais interesse ao projeto solo.

Só que eu falhei fragorosamente em cumpri-lo.

Sábado, tempo bom, e tendo partido de Jurerê em direção a Canasvieiras pela estrada rural do Lamin, e voltando à praia de origem – QG do Ironman no Brasil, aliás – interrompi o cascalho aos 18,3K.

Por que fiz isso, eis uma resposta que fica para o divã do analista.

Uma especulação possível é que eu não me deixei envolver pelo “clima” de competição Paulo Sérgio x eu mesmo. Shame on me.

Missão cumprida – só que não

Não que faltassem condições físicas para um nove vezes maratonista completar uma meia, ainda que esse sujeito que sou eu, estivesse um pouco desacostumado dos longões acima de 1h40. Mas três quilômetros, concordemos, são amendoim.

Bom, a meia maratona foi finalmente cumprida no feriado de Finados, no começo desta semana, em São Paulo mesmo. O 21,57K começou na mítica City Romana e foi terminar na ponta do metrô Linha 2, na Vila Prudente, Mooca em todo o seu esplendor quase toda palmilhada.

Não precisei fazer baldeação uma única vez no metrô para voltar para casa, mas o bilhete um tanto molhado não queria entrar na catraca.

Será que eu sou merecedor de uma medalha?

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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