A Fila extingue o minimalismo e investe em amortecimento com seu Silva Racer

Paulo Vieira

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HÁ ALGUM TEMPO sou devoto de um modelo de tênis que vem atendendo as demandas de meu cascalho de todo dia. Todo dia é uma licença poética.

É o Kenya Racer, da Fila, cujos modelos 3 e 4 foram comprados por não muitas piabas e que vêm rodando até hoje, à despeito de dobrarem há tempos o Cabo das Tormentas e tornarem-se bizarrice estética para os padrões dos instagrammers.

TESTAMOS O FILA KENYA RACER 3

Leve, simples e com pouco amortecimento (o 4) ou quase nenhum (o 3, meu preferido, com suas gloriosas 176 gramas), o “KR” leva a vantagem inconteste de ser produzido no Brasil – se você não se importa com a taxa de emprego no território nacional, há a conveniência de não chegar cotado em dólar neste momento em que as empregadas domésticas já não devem frequentar a Disney.

O Silvão, na frente, e o Kenya Racer 4, atrás

Mas como minimalismo pelo jeito não põe comida na mesa (para os fabricantes), o que um dia era praticamente perfeito justamente por ser simples começou a ganhar penduricalhos.

A nova linha de tênis lançada com algum rumor pela Fila (campanha publicitária da agência África etc.) semana passada investe nesses penduricalhos. O Racer Silva, cujo nome homenageia o fundista mexicano Gérman Silva e é o provável sucessor do Kenya Racer, caso colocado lado a lado com um KR3 poderia parecer, por conta de sua altura e amortecimento, um coturno.

Sim, o Silva é leve para seu tamanho, razoavelmente flexível e vem equipado com o que a fabricante chama de placa de propulsão. Caso ela exista, não é por óbvio de carbono, como a que parece realmente fazer mais velozes os já velozes usuários do Nike Vaporfly.

O Silvão tem preço estipulado de 500 paus.

O modelo tem “salto” de 5 centímetros e isso para um corredor primitivão como eu é uma completa extravagância. Mas não chegou a se mostrar um óbice. Numa corridinha de 12K sob o calor carioca de sábado passado de São Paulo, a maior parte disso em asfalto, não houve qualquer incômodo, ainda que a agilidade em piso irregular, de grama, deixe um tanto a desejar.

A prova mais importante está marcada para hoje, na minha pista de testes privativa, o anel externo do parque Villa-Lobos.

Acompanhe as atualizações deste pasquim.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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