Para muita gente que corre, correr, esse maravilhoso exercício, já não basta. É preciso se fotografar, facebukar, instagramar. E também usar uma língua bastante estranha, cheia de jargões.
O glossário que segue pode parecer bastante básico para os iniciados, mas vai bem para os calouros. Uma maneira de andar pelos senderos onde andam os corredores mais “cascudos”. Quem sabe, até, uma maneira de frequentar seu anel íntimo, o inner circle.
ALTO e BAIXO: Denota tempo. É preciso estar precedido de um valor determinado, por exemplo, 1 hora e 40 minutos (1:40). 1:40 baixo significa que o sujeito correu no máximo 1:45; 1:40 alto, de 1:45 a 1:49:59
BEER MILE: prova de circuito universitário de corrida da América do Norte em que é preciso beber cerveja a momentos regulares. Ver PRAZER. Mais sobre BEER MILE AQUI
BOLAÑO, ROBERTO: escritor chileno cuja vida meteórica e obra caudalosa tornaram-se uma das inspirações para estas mal-traçadas dia sim, dia sim. Ver PRAZER.
CARBOIDRATO: energia proveniente de alimentos ricos em amido que se transforma em glicogênio (VER). O cânone recomenda sua reposição durante corridas de mais de 1h30. LEIA MAIS SOBRE REPOSIÇÃO DE CARBOIDRATO AQUI e veja receitas deliciosas e funcionais para ajudar na corrida AQUI.
CASCALHO: o lugar em que se corre. Asfalto, terra, areia – e cascalho
COLOCAR NA CONTA: expressão bastante corrente entre novatos e não tão novatos. Significa registrar que correu mais xis quilômetros em sua vida; pode ser uma prova ou mesmo mais um treino ordinário.
ENTREGAR: idem anterior. A frase “mais 10K entregues” também pode ser dita assim: “põe mais 10K na conta”.
FETICHE: qualquer desejo de realização cujo fim principal é demonstrar algo para si mesmo ou, mais comumente, para os outros. No universo corredor, terminar uma maratona, por exemplo. LEIA MAIS AQUI
GARMIN: marca famosa de relógio com GPS e frequencímetro que, como a Gillette, deixou de ser nome próprio para transformar-se gradativamente em substantivo.
GLICOGÊNIO: energia acumulada no organismo que é “depletada”(consumida) a partir, acredita-se, da terceira hora da corrida. Ver MURO.
IMPACTO: custo físico de cada passada. Na corrida, ele vale cerca de duas a três vezes o peso do corredor. O que não significa, necessariamente, que você terá problemas nos joelhos. Ver JOELHO. LEIA MAIS SOBRE A CORRIDA SEM IMPACTO AQUI
JOELHO: articulação que é tida como a principal causa de dor entre corredores ou, mais ainda, entre pessoas que dizem não poder correr. Para o médico e maratonista Drauzio Varella, o caminhante está mais sujeito a lesionar o joelho do que o corredor. Sobre o DRAUZIO, LEIA MAIS AQUI
K: quilômetro(s)
KIT: camiseta, medalha e fruta, contrapartida “palpável” do valor em reais investido em uma prova. Estranho objeto de desejo de corredores. Muitas reclamações em comunidades de simpatizantes de corrida referem-se à qualidade do “kit”.
LONGÃO: treino mais longo da semana, isento de tiros e outras pirotecnias, em geral praticado no sábado ou no domingo. LEIA O QUE ESTÁ POR TRÁS DO LONGÃO AQUI
MARATONA: ver FETICHE
MEIA: 21K (meia maratona)
MILHA: 1,6K
MINIMALISMO: na corrida, a utilização de um tênis de amortecimento mínimo, ou nenhum. Como prescreve para si mesmo o maratonista administrador deste pasquim. LEIA MAIS AQUI
MURO: limite físico-psicológico de muitos corredores. O cânone vê o muro entre os 32K-35K. Para superá-lo, de novo segundo o cânone, é preciso fazer reposição de carboidrato durante a prova (VER). MAIS SOBRE MURO AQUI
NEUTRA, PRONADA, SUPINADA: tipos de pisada para “dentro” ou para “fora”. Muitos tênis informam ser próprios para “corrigir” essas pisadas, mas o tema é polêmico – há quem ache que não há nada a ser corrigido. VEJA AQUI NOSSO TESTE DO TESTE DA PISADA
PIPOCA: participar de uma prova sem pagar pela inscrição. Historicamente, de 10% a 15% dos participantes de uma prova vão na “pipoca”. VEJA MAIS COMO É CORRER NA PIPOCA AQUI
PRAZER: Leitmotiv da corrida. Ou assim deveria ser. MAIS AQUI.
RENÚNCIA FISCAL: dinheiro de impostos de empresas revertido em patrocínio para provas via Lei do Incentivo do Esporte (LIE). Algumas dessas provas têm valores de inscrição que nem sempre espelham essa “força” governamental. Tipo o circuito LOTUS e outras do pessoal da Cooper/O2 Ativo.
SPLIT POSITIVO/NEGATIVO: corre-se em split positivo quando a primeira metade da prova ou treino é mais rápida que a segunda; e em negativo, se for o contrário.
SUPERAÇÃO: palavra coringa que vale para diversas “entregas” ou “colocações na conta”. Também é bastante usada à guisa de parabéns para quem passa por perda substancial de peso. Como a FERNANDA THEDIM E O MANDREY
TARAHUMARAS: índios mexicanos que correm mais de uma maratona por dia por precisão, não por fetiche. São citados no livro Nascido para Correr e inspiraram o movimento minimalista. Ver MINIMALISMO. LEIA MAIS AQUI
TIRO: também conhecido por “sprint”. É correr em frequência cardíaca alta (90%, em média) e velocidade próxima do limite. Ver TREINO INTERVALADO.
TREINO INTERVALADO: na ortodoxia que rege os treinamentos de corrida no Brasil, o dia dedicado às variações de ritmo. Costuma-se fazer um número determinado de tiros seguidos de trote e caminhada. Ver TROTE. MAIS SOBRE TREINO INTERVALADO AQUI
TROTE: ou “easy running”, corrida levada em frequência cardíaca baixa. Algo entre a caminhada e uma corrida leve. Estilo preferido de corrida do TREINADOR.
