A nova mara de São Paulo: aprovada com louvor

Paulo Vieira

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APROVADA COM LOUVOR. Alternativa à mara da matrona Yescom, a SP City Marathon, a nova mara de São Paulo, que teve sua segunda edição disputada ontem, apresentou muitos predicados e poucos pecadilhos.

Foi um super-evento. Comento-os aqui, deixando as minhas presepadas na meia, que eu sei que você está louco para conhecer, para o link abaixo.

AS PRESEPADAS DE UM JORNALISTA MAMBEMBE NA SP CITY MARATHON

ENTREVISTAS COM CORREDORES FEITAS DURANTE A SP CITY MARATHON 2017

ITINERÁRIO

Difícil não se empolgar com a primeira metade (para quem fez os 42K). Pacaembu, meio Minhocão, Nova Cracolândia (completamente limpa ontem), Ipiranga x São João, Municipal, Viaduto do Chá, praça da Sé – e aí um longão pela 23 de Maio até o Ibirapuera, JK, túnel sob o rio Pinheiros e já era.

Tinha estrangulamento já no 1,5K, na saída da Pacaembu, depois no Minhocão e na descida dele e em várias ruas do Centro até a tigrada chegar à 23 de Maio.

Por una cabeza na hora em que eu passei/Foto: Iguana
Por una cabeza na hora em que eu passei/Foto: Iguana

Relevemos: muito melhor estar no Centro do que em qualquer Marginal – e as corridas da New Balance e as Track and Field provam que correr ao lado do rio morto não trazem garantia antimuvuca.

ATRAÇÕES

A Iguana, organizadora, fez direitinho. Não encheu a prova de micagens, colocou poucas bandas e conjuntos em pontos estratégicos. Coisa fina o quarteto de cordas tocando Gardel quando eu passei ao lado do Municipal; maravilha o DJ na encruzilhada no final do interminável túnel no 20K.

A esquina famosa/Foto: Iguana
A esquina famosa/Foto: Iguana

Não funcionou a roda que deveria ser de samba no Ibirapuera, e, na dispersão, o tradicional show da banda de covers da rádio Mix pode muito bem ser eliminado. Tem tanta coisa pra fazer ali que ninguém liga.

E se vai economizar nisso, bem que a Iguana poderia limar também o locutor. Ou pelo menos pedir para ele reescrever esse discurso emocional à Galvão “Você fez muito para chegar até aqui/bate no peito e pode dizer ‘Eu sou meio maratonista’”. Pelamor.

CONCENTRAÇÃO E DISPERSÃO

Este item é a prova dos nove, e a Iguana fez escola. Na concentração, às 6 da manhã, nada de muvuca – as assessorias rodaram nessa, pois não havia tendas no Pacaembu; genial a ideia do guarda-volumes direto nos ônibus que iriam dali para o Jockey, o ponto de chegada.

Além disso: a tal largada em ondas deu certo, diferentemente da meia da Asics (que este ano abandonou a Iguana, bandeando-se para a rival figadal Norte/Ativo).

Balada na encruzilhada/Foto: Iguana
Balada na encruzilhada/Foto: Iguana

Após gentil e diligente inspeção, um funcionário liberava aos corredores o acesso às baias de largada de acordo com o pace declarado na inscrição. Sim, o caboclo pode mentir na inscrição ao dizer que corre a pace 5 em vez de 6. Mas aí nem o Padre Eterno resolve.

Na dispersão, o show habitual: tendas de massagem, sessões de alongamento, umas banheiras de (suponho) água quente e uns canhões de regeneração muscular onde uns malucos enfiavam as pernas.

Pela expressão dos rostos de alguns usuários, deviam estar gostando. Se bem que o espírito crítico vai para o espaço depois que a gente termina uma meia ou uma mara.

BRIGADA ANTIPIPOCA

A metros do portal de chegada havia um capataz que tentava tirar, com argumentos não verbais persuasivos, quem aparecesse por lá sem o número de peito. Mas se o pipoca tivesse condições de dar um pique nesse hora, o tiozão sobrava bonito.

Falo mais disso amanhã.

ACESSO E SAÍDA

A praça Charles Muller/Pacaembu é excelente para qualquer largada, exceto pelo fato de não estar na bica de uma estação de metrô. Muito melhor, de qualquer forma, que o Ibirapuera, já que a estação Clínicas não está longe. O lugar é grande, perfeito para concentrações, demonstrações cívicas e exibição de aparatos bélicos.

A dispersão no Jóquei também é bacana, mas falta achar um lugar decente para a saída. Neguinho se espremia em fila indiana para deixar o local. Pior: se não fosse atropelado na alça da Marginal era jogado na calçada errada da ponte Cidade Jardim.

Além de tudo, a saída não era sinalizada. Seria bom rever isso.

TEMPO E TEMPERATURA

A SP City começa às 6 da manhã no pico do inverno. O que pode não dizer muito em país tropical sob os efeitos do aquecimento global. Mas correr a 15, 16 graus nesse caso não é sorte, é estatística. Ponto para a Iguana.

Menos sorte tem quem faz a mara em 5h30, 6 horas – bater nos 24 graus ao meio-dia é igualmente estatística. Mas esses, além de maratonistas pra cacete, são estóicos, estão perto de abandonar a roda cármica: não ligam para calor e outros incômodos sensoriais.

MINHAS PRESEPADAS

Foram algumas, e eu vou fazer mais uma: não vou te dar spoiler. Volta aqui amanhã. Mesmo batcanal, mesmo bat-horário.

OUTRAS CORRIDAS DO JQC: A MEIA DA ASICS EM SAMPA

A MARA DO RIO DE 2017

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A MARATONA DE HAWKE’S BAY, NA… NOVA ZELÂNDIA

OS 15K SENTA BOTA DA NEW BALANCE

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A CORRIDA DA NETSHOES

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Disclosure/Abrindo tudo: o editor deste pasquim correu a meia SP CityMarathon à convite da organização do evento 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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