PAULO SALDIVA, médico patologista da USP, codinome Pepino, é um grande cara. Há muito tempo circula de bicicleta por São Paulo, e esse ato aparentemente banal com ele se torna um exemplo eloquente do custo nocivo que o transporte individual joga nas costas da cidade e de seus habitantes.
Saldiva é um dos homens que mais entende de poluição atmosférica no Brasil, por isso chamado constantemente a falar sobre o tema na mídia. Mas o que ele tem a dizer a jornais, rádio e TV ele fala também sem palavras, apenas pedalando.
O que Saldiva diz é que não há antídoto à poluição. O que dá para fazer é parar de produzi-la, tirando os carros da rua. Os carros colaboram com 90% das emissões dos poluentes. Como na velha propaganda da Persico Pizzamiglio, você não vê, mas nós estamos aí.
Acontece que muito pouco foi feito para tirar carros da rua nos últimos 20, 30, 40, 50 anos. Pelo contrário.
Saldiva concedeu uma muito interessante entrevista ao pessoal da revista Pesquisa Fapesp, que eu catei sem mais aquela e colei aqui.
UM EM CADA TRÊS CICLISTAS DE SÃO PAULO É NOVATO NO PEDAL
NEM BRÓCOLIS NEM BANANA
UM DETECTOR DE POLUIÇÃO PORTÁTIL
ATIVIDADE FÍSICA PARA CIDADES POLUÍDAS
METRÔ, TRAGÉDIA BRASILEIRA
CIGARRO RULES: MAD MAN ERA FICHINHA
Mas antes de embebedá-la neste post, alguns destaques da fala do médico:
– Poluição não se resolve com remédio nem com campanha, mas com planejamento urbano, com mobilidade.
– Moradores vizinhos a parques têm chances 30% menores de sofrer infarto do miocárdio. É um remédio mais eficaz que estatina.
– A cidade está obesa, pois cresceu mais do que podia e tem “trombos de congestionamento na circulação”.
– A permanência no trânsito é um fator que potencializa os malefícios da poluição. Quem fica cinco horas no trânsito diariamente tem o risco de cardiopatia aumentado em seis vezes.