Veja como foi a Adidas Boost, a prova de velocidade da marca alemã

Paulo Vieira

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Atualização: às 13h06 desta segunda-feira chegou um SMS com o tempo do 10K: 0:42:43. Tempos somados de 1:03:20. Pô, e eu não classifiquei! 

A ADIDAS REVIVEU ONTEM EM ESSEPÊ a corrida proprietária que leva o nome de um de seus tênis – ou de uma família deles, o Boost. Desde 2015, salvo engano, a prova não acontecia.

Antes com eventos no Rio e em São Paulo, o retorno da Adidas Boost Run agora é exclusivo da capital paulista. Houve incrementos de marketing: prêmios de viagem para a maratona de Berlim para os três primeiros colocados; food trucks; promessa de show de Pablo Vittar ao final – fico devendo a resenha, me mandei antes.

A ADIDAS FALA SOBRE A BOOST – QUANDO A ADIDAS AINDA FALAVA COM ESTE PASQUIM

PERFORMANCE E VAIDADE

O local, num pedaço do Campo de Marte espaçoso e bom para eventos de massa mas não necessariamente de corrida, certamente agradou a quem gosta de embalo; tenho dúvidas se fez a cabeça dos amigos do cascalho.

Nesta prova, qual os 15K da New Balance, não há nenhuma razão para não descer a bota, pois só 100 finalistas nas cinco categorias (homens, mulheres, duplas straight, duplas mistas) disputam o 1K. Primeiro há a corrida de 5K, depois outra de 10K e, caso o cidadão esteja entre os 100, há a final de 1K.

Por isso o trajeto, com chicanas e estrangulamento de pista na avenida Braz Leme, era problemático. Ali eram perdidos alguns preciosos segundos, talvez minutos. Dou de barato o fato de o sujeito ter de dar três voltas pelo mesmo percurso.

O placar exibia os 100 melhores tempos de cada categoria – e o meu não estava entre eles

Os trabalhos foram abertos com o 5K, uma inversão em relação aos tempos da USP. Não sei o porquê da decisão. Apesar dos insistentes pedidos de entrevista, a Adidas vem se recusando a falar com este pasquim.

Na época da USP o 1K acontecia dentro da pista de atletismo do Cepeusp, o que fazia o amador se sentir por alguns momentos um corredor profissional. Bem melhor do que a “experiência”, para usar a expressão em voga, de ontem.

Amigos de pace mais lento reclamaram do Cassino do Chacrinha que se tornou a movimentação em contrafluxo do animador da corrida com seu aparato de som. Eu apenas o vi antes das largadas.

Parece-me um problema sério não encontrar em local nenhum do sítio oficial o resultado da corrida. Tampouco o site da empresa organizadora, a Prod Sports, indica um caminho. Recebi meu tempo do 5K por SMS, mas no 10K fiquei a ver navios.

Causou-me bastante, aliás, o 20’37’’ informados. Não imaginava nada abaixo de 21’ nos 5K. Acho que soltei a cavalaria ainda mais nos 10K, nutrindo esperanças de um tempo somado na casa do 1:04.

Deixei bastante para trás o pacer que marcava 4’30” e ainda havia uns 30” a descontar por conta da fila que se formava no pórtico de largada.

A seguir, o melhor e o pior da Adidas Boost Run na opinião do editor deste pasquim.

DEU BOOST

– Local. Amplo, oferecia algum descanso visual da monotonia entre as duas corridas principais e as cinco baterias de 1K.

-Food Trucks. Havia algo como uma dezena deles, o que me pareceu suficiente para atender aos corredores. Minha única demanda, shots de café expresso, foi resolvida dignamente em dois pontos de venda. Cada um custou R$ 6, preço bastante aceitável especialmente em se tratando de um evento fechado.

Um inesperado, charmoso e amoroso expresso

-Entretenimento. Considero locutores dispensáveis em eventos de corrida, mas reconheço ser voz isolada nesse particular. Ontem, a organização decidiu hipervalorizar o papel do MC, e ele ocupou todos os espaços possíveis por por pelo menos cinco horas seguidas, tempo que fiquei lá. Mesmo assim o povo não pareceu se incomodar.

Show de uma artista do primeiro time, Pablo Villar, estava previsto para o encerramento da coisa toda, e isso certamente é um feature.

NÃO DEU BOOST

-Local. Quem corria dentro das instalações do Campo de Marte eram apenas os classificados para o 1K, o que tirava um pouco da surpresa. Tanto os 5K como os 10K ocorreram no mesmo trajeto, nas avenidas que cercam o aeroporto.

Os funis e as muitas chicanas impactaram o tempo dos mais rápidos. Ter de dar três voltas pelo mesmo itinerário foi um downgrade em relação aos tempos de USP.

-Banheiros. Filas quilométricas para os químicos, indicados para os homens; e para o convencional, para as mulheres. Como acontece com as estações de metrô, as demandas do público foram novamente subdimensionadas.

-Resultados. A palavra nem aparece no site. Cheguei a receber por SMS meu tempo dos 5K, mas o dos 10K virou nesta segunda-feira o triunfo da esperança.

-Entretenimento. A Adidas deu de bandeja o evento para o MC, e ele o comandou com competência, mas a ubiquidade exige bastante cumplicidade dos espectadores/corredores. Curiosamente, houve uma altercação entre o MC e seu escada na hora do 1K das duplas masculinas.

Por alguma razão o escada quis lavar roupa suja com o chefe, pedindo uma explicação pública sobre a dinâmica daquela prova. O MC saiu-se com elegância. Deixei o recinto sem saber se haveria retaliação.

Abrindo tudo: Paulo Vieira, MC deste pasquim, foi convidado pela Continental Pneus, parceira da Adidas, a correr/cobrir o evento ontem. Teve o kit bancado pela empresa.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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