Cybercafés e outros bom escritórios alternativos para dar expediente

Paulo Vieira

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AS CENAS LAMENTÁVEIS E INFELIZMENTE esperadas da semana passada, com mais passaralhos na editora Arvorezinha e o fechamento unívoco dos canais de TV do Esporte Interativo, jogaram mais um bom punhado de jornalistas na rua da amargura.

Por já ter se dedicado longamente ao assunto – vide os links abaixo –, este pasquim vinha ultimamente se desviando dele.

DOSSIÊ: A CASA CAIU

O FIM DA ÁRVORE E A SÍNDROME DO CLIENTE

AOS AMIGOS DEMITIDOS DE O GLOBO

PROTAGONISTA DA PRÓPRIA HISTÓRIA

SEGURO-DESEMPREGO, ONDE INVESTIR

Mas em nome da sanidade mental coletiva, achamos por bem fazer esta breve relação de escritórios alternativos para quem, como naquele filme belga – ou coreano –, precisa passar os dias no expediente.

Exatamente como soía acontecer quando expediente efetivamente havia.

Os locais abaixo tem mesas com instalações elétricas, boa iluminação, banheiros asseados, sinal estável de wi-fi.

Alguns ainda vêm de fábrica com jornais impressos, e a leitura é gratuita.

Caso esses picos estejam lotados, shame on us. Como você sabe, este pasquim têm audiência massiva, concentrada, inaudita e não auditada.

Evoé.

REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE ESSEPÊ 

Malgrado a estranha reordenação dos livros, o incremento da rede de bibliotecas municipais da cidade talvez seja a única coisa positiva feita pela gestão Jester.

Hoje suas muitas unidades contam com wi-fi rápido, os dois jornalões da cidade para leitura – o Valor é difícil de achar, mas Época tem –, expediente estendido também aos fins de semana, bancadas espaçosas com instalações elétricas.

Costumamos frequentar as unidades Alvaro Guerra (Alto de Pinheiros) e Mario Schenberg (Vila Romana), e o editor deste pasquim diz botar seus quatro pés no fogo pelo sinal de internet. O mesmo não faz pelo Centro Cultural Vergueiro, embora o acervo propriamente dito da biblioteca seja superior.

CENTRO BRITÂNICO BRASILEIRO

Segredo de polichinelo para os frequentadores da Grande Nação Pinheirense, a biblioteca é de uso lindamente livre. O sinal de internet oscila um pouco, mas a coleção da The Economist e os monitores de TV na BBC compensam o perrengue.

Se preferir, a unidade interna do Sofá Café, defronte à biblioteca, tem farta disponibilidade de tomadas elétricas e jornais para leitura. E o café também é de distinção.

GOOGLE CAMPUS

O local está sempre cheio, o que pode não ser ruim, ao contrário: quem sabe a produtividade perdida não reaparece por osmose? Também é bom espaço para entabular conversações: como num hostel, seus iguais têm dicas de cursos, bolsas, projetos etc.

Apenas dois ou três andares do prédio, café incluído, são abertos sem mais aquela à tigrada: basta – ou bastava, hacie rato que não piamos lá – fazer um crachá na recepção.

CAFÉS DUKAS EM PINHEIROS/VILA MADALENA

Perdoem-nos a insistência na ZO, mas é por aí que o editor deste pasquim transita mais. De toda forma, a região é de fácil acesso (metrô, ciclovia) e prenhe em entretenimento coirmão: galerias de arte, cinemas, etc.

LES DELICES DE MAYA

Café absolutamente dukakis da Vila Madá, com o plus luxuosíssimo do cardápio de almoço – bavete de camarão com gengibre e lula, o que é isso! Sem falar da simpatia da Maya, do Marcelo e de todos os funcionários, além do café superior.

De tudo, na verdade.

O jornal da casa é o Estadão, o que serve para quebrar um pouco a rotina. Fecha cedo, por volta das 18h30.

Mourato Coelho com Aspicuelta, ao lado daquele bar horrendamente Vila Olímpia da esquina.

LIVRARIA DA VILA 

Nos fundos da Livraria da Vila original, não é nenhuma novidade, mas o ambiente, com iluminação natural e pés de jabuticaba, é agradabilíssimo, quiçá produtivo.

O café é Santo Grão, ou seja, não custa exatamente um cafezinho. Fradique com Inácio Pereira.

CAFÉ FOR FUN

São apenas três ou quatro mesas que dublam como aquele ambiente de trabalho sempre sonhado – ou não. Tem bom wi-fi, e Folha de S.Paulo e a revista de resenhas literárias 451 no cabideiro. O café é selecionado entre pequenos produtores e custa R$ 6,50. Na Álvaro Annes, 37, a travessinha da Pedroso de Morais lindeira do esqueleto da FNAC.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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