Rio: modo de usar

Paulo Vieira

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COMO ANDA O RIO a três semanas das Olimpíadas? A sensação de insegurança é a mesma dos tempos pré-UPP, ou trata-se de algo magnificado por nosotros, da mídia? Ricardo Henrique, o maratonista desencanado, nosso correspondente endorfínico na Cidade Maravilhosa, dá a letra.

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O BAIXO ASTRAL ESTÁ NO AR e também impresso e reproduzido nas redes sociais. As UPPs fracassando, a bandidagem reassumindo o território perdido, a Força Nacional, as instalações olímpicas. Era para estarmos em clima de festa, mas a situação do país e em especial a do Estado do Rio não permite que a cidade comemore.

O MARATONISTA DESENCANADO

A MARA DO RIO, UMA HOMENAGEM

DA BARRA AO CRISTO, UM ROTEIRO MARAVILHOSO

ELE TROCOU SP PELO RIO E GANHOU O TREINO MAIS BONITO DO MUNDO

COMO SEGURAR A TOCHA OLÍMPICA

A insegurança é uma sensação que se agrava quando um ciclista é esfaqueado na Lagoa Rodrigo de Feitas ou quando um grupo de turistas é assaltado em caminhos para o pico da Tijuca. O pessoal que faz trilha tem optado por fazê-las acompanhado, principalmente as mulheres, mas sinceramente não conheço nenhum corredor que tenha sido abordado enquanto trilhava.

A mata encantada, cheia de magia, continua oferecendo sombra e água fresca. E só de lembrar que a floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, é “artificial”, feita pela mão do homem, dá até pra acreditar… embora isso tenha sido feito lá na época do império.

O Rio de Janeiro continua lindo, e essa época do ano é a melhor pra praticar qualquer esporte ao ar livre. Para corredores, é o paraíso. A temperatura se afasta dos saáricos 48 graus do verão e recebe frentes frias que fazem bater o queixo dos madrugadores. Com 11ºC às 5h da manhã, tive de correr de agasalho.

Ricardo Henrique fazendo o que mais gosta em sua cidade
Ricardo Henrique fazendo o que mais gosta no Ri

A orla é praticamente toda servida de calçadões de pedra portuguesa e ciclovias que dividem democraticamente o espaço com os que pedalam com os pés no chão. Só mesmo a incompetência, a incapacidade e a desconsideração com o dinheiro público para vermos uma tragédia interrompendo a ciclovia que liga a Barra ao Leblon.

A sujeira da baía da Guanabara e a poluição nas lagoas da Barra já fazem parte do cenário e não espantam os nativos, mas pra quem vem de fora o sentimento de desperdício, de maus tratos, contamina a quem já está habituado a favelas e áreas de exclusão.

Proibidos mesmo são os locais das obras e todos os transtornos a que os cariocas são submetidos, deixando muita gente de saco cheio. Agora, até que os resultados começaram a aparecer. A duplicação do elevado do Joá melhorou e muito o acesso à Barra pela Zona Sul.

Os corredores de BRT e a linha 4 do metrô ganham forma, mas ainda não funcionam. E todo o asfalto que acabou de ser colocado já está tendo de ser refeito.

Falta aqui a qualidade que a natureza não economizou quando prodigiosamente planejou esse lugar onde viria a se instalar o Rio de Janeiro. Como será o Rio de Agosto?

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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