Mais corrida, mais birita

Paulo Vieira

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Está no prelo, mas tende a ali permanecer sine die caso não encontremos um Sinhozinho Malta, um mecenas, um gentil patrocinador – e, olha, não está sendo fácil –, o mais novo livro das organizações Jornalistas que Correm Inc.

Ele tem o nome provisório de Aforismos, adágios, máximas, princípios e ideologias no proscênio da corrida. Amigos me disseram que o título é longo e pouco comercial, que acham “proscênio” uma palavra inadequada e démodé e por aí vai.

De minha parte, tou no barato de vazar uma carta contando algumas verdades a esses “amigos”.

Sabotador da sua própria estratégia comercial, este JQC vem de velho publicando alguns compilados desses pensamentos vagos e vagantes sobre a corrida, o que não quer dizer que você não possa, não vá, aliás, desembolsar uns 50, 70 mambos quando este livro sair a lume.

18 ADÁGIOS E AFORISMOS DE CORRIDA

51 RAZÕES PARA CORRER

21 ARCANOS DO TARÔ RUNNER

Muito bem: um desses aforismos diz, canônico: “Há pessoas (inclusive alguém do meu CEP) que correm para poder beber mais; mas depois que a gente começa a correr fica fraco pra birita. Muito louco.”

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Guardadas as notórias diferenças de estilo (e de propósito), é o que o também talvez sugira reportagem do New York Times publicada no começo deste mês, na coluna “Well”.

DEU NO NEW YORK TIMES

No preâmbulo, a repórter Gretchen Reynolds – nome que soa francamente implausível, mas tudo bem – apresenta uma charada interessante: é a atividade física que estimula o consumo de bebida alcóolica ou é o consumo de bebida alcóolica que estimula a atividade física?

Reynolds exibe então um estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia com 150 adultos, homens e mulheres, que se dispuseram a usar um aplicativo que registrava as frequências de atividade física e consumo de álcool. O pressuposto era que os voluntários, três vezes ao longo de um ano, registrassem 21 dias consecutivos de suas vidas no app.

BEER MILE, A CORRIDA DA CERVEJA

Uma das conclusões dos pesquisadores: as pessoas bebem mais quando se exercitam mais.

Outra: o exercício exagerado não leva ao abuso de álcool. Muito raramente um voluntário registrou ter bebido como um gambá, classificação técnica que os pesquisadores fixaram a partir do quarto copo.

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Um segundo estudo citado por Reynolds no artigo, este produzido pelo Laboratório de Neurociências do Comportamento da Universidade de Houston, sob direção de J. Leigh Leasure, apontou ligações entre certa dedicação maior à atividade física e uma “recompensa alcoólica”.

Para Leasure e equipe, “estudos com grandes universos de pesquisa vêm mostrando uma associação positiva entre atividade física e consumo de álcool”.

Posso dizer que fiquei bem longe da categoria gambá no domingo da graça de 17 de maio em que completei a Mara de SP, a minha primeira maratona. Mas não sei se posso dizer o mesmo da véspera do grande 42K, para desespero de Treinador, que ficou uma arara e imaginou que seu trabalho estava para ruir em pedacinhos ao ler o post abaixo.

ATLETA E TREINADOR

MARA DE SP – VIVACE

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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