Produtividade pessoal

Paulo Vieira

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Quando eu corria sob supervisão de um educador físico – e foi mais de um, viu, Nelson Evêncio –, sempre chegava a hora dessa figura me fazer a pergunta primal:

– Qual é a sua meta?

Sabedor de antemão que essa pergunta chegaria, mas mesmo assim surpreendido com sua chegada, eu balbuciava sons inaudíveis como resposta, como quando não temos certeza do nome do interlocutor mas mesmo assim queremos manter um certo nível de proximidade e falamos algo meio pra dentro que pode – ou não – ter alguma semelhança fonética com o que supomos ser seu nome.

– Uma maratona um dia, não sei bem quando –, eis uma resposta verossímil.

MINHA PRIMEIRA MARATONA, MODO ANDANTE MODERATO

MINHA PRIMEIRA MARATONA, MODO ALLEGRO VIVACE 

COMO NÃO CORRER UMA MARATONA, COM GESU BAMBINO

A maratona veio e, antes dela, a constância de meus treinos – paradoxalmente já sem o auxílio do EDF. O que não significou, acho, que passei a perseguir metas.

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A corrida ganhou corpo na minha vida com o tempo livre. Ou, se não exatamente tempo livre, com a agenda mais flexível que passei a ter quando a casa caiu na Editora Abril.

DOSSIÊ A CASA CAIU

Assim, pude fazer algo que de forma mais romântica do que verdadeira lamentava não realizar nos tempos de CLT: ver o pôr do sol, ou, mais do que isso, de certa forma interagir com ele.

Quando os termômetros permitem, têm sido comuns as corridas ao crepúsculo, mormente no parque Vibra-Bollos, com o sol se escondendo atrás da favela do Jaguaré, como num clichê de uma produção da Estética da Fome.

CORRENDO PELA Z.O.

COMO FOTOGRAFAR UM PÔR DO SOL

A agenda flexível e diversas demandas de trabalho, contudo, pediram uma organização mínima, até mesmo para ter tempo para correr sob o ocaso do Jaguaré, ato que precede o momento inegociável: buscar as crianças na escola.

Tudo para dizer que já escrevi sobre organização & métodos. Uma grande matéria para a revista Men’s Health de dezembro passado, genial encomenda de seu então editor Miguel Icassatti, me fez procurar alguns papas do assunto.

Reproduzo aqui o disse à mim e à revista o especialista número de 1 de organização de tempo e produtividade pessoal no Brasil, Christian Barbosa, autor de 60 Estratégias Práticas para Ganhar Mais Tempo (Editora Sextante):

– Planeje as tarefas por escrito. “Se os planos ficam restritos à cabeça, não é possível segui-los.” Registre suas tarefas de hoje e dos próximos três dias, assim você ganha também em previsibilidade”.

–  Preveja o que vem pela frente. “Quem se antecipa tem mais flexibilidade e pode escolher quando quer fazer as tarefas, sem precisar realizá-las na última hora, ou sem vontade.”

– Classifique cada tarefa. Você pode usar os rótulos “urgente”, importante” e “circunstancial”. “Ao priorizar tarefas, a perda de foco é menor e é possível medir seu progresso ao longo do dia. Se a atividade pedir duas ou três horas de trabalho, procure fazer pequenas pausas de 10 minutos se sentir que o foco se perdeu”.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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