Winerun

Paulo Vieira

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Eu tinha duas desculpas, duas boas desculpas, para nem querer saber de ouvir falar de corrida, cascalho ou coisa que o valha nestes dias. O frio de 5 graus, bem dizer, não era assim o fim do mundo, mesmo em tempos de aquecimento global; já o consumo de vinho no limite da irresponsabilidade era de fato um problema.

Passei a semana na chamada Serra Gaúcha, mais precisamente em Bento Gonçalves, a aclamada capital nacional do vinho, terra das “majors” brasileiras e de tantas outras vinícolas familiares, muitas delas tocadas à moda antiga, ou seja, com molto, molto lavoro do nonno, da mamma, dos fratelli e das sorelle. 

Adivinha onde isso vai parar/Divulgação
Adivinha onde isso vai parar/Divulgação

Por pouco não sucumbi a essas desculpas. Ter descoberto uma esteira no hotel foi providencial; e ter a temperatura subido para muito suportáveis 12 graus ontem, último dia do “funtour” de que participei, ajudou a manter alguma coerência com a religião de que sou apóstolo: a corrida na rua.

Fiquei pensando no que iria dizer a vocês se levasse a cabo minha ideia de novamente fazer uns 10, 12K na esteira, mesmo com a possibilidade de treinar intensidade, vulgo dar tiro, durante o exercício.

Como sabem todos que me leem nesses dois anos e fumaça do JQC, meus contatos com esse equipamento foram nos primórdios, quando ainda trabalhava para uma revista de viagem, e, outro dia, na casa do mítico Paulo Pepe, cuja esteira ociosa e cheia de estranhas ondulações me socorreu numa noite particularmente tumultuada às vésperas da Mara de SP. E anteontem.

Bento Gonçalves não é a Toscana, não é o Alentejo, não é a campanha francesa. Vinhedos a perder de vista no fundo da foto e no primeiro plano um jovem casal tendo ao pé uma toalha xadrez disposta graciosamente sobre a grama, isso até existe, mas a dois quilômetros dessa locação há a planta de uma fábrica ou o galpão de uma transportadora. E para chegar à rota mais cênica desde o hotel em que eu estava havia que se enfrentar a área urbana e uma estrada bastante movimentada.

Mas de qualquer forma a corrida ao ar livre saiu, e, se não foi num ambiente idílico, teve lá seus bons momentos. Peguei um pequeno trecho do chamado Caminhos de Pedra, um dos cinco roteiros turísticos desenvolvidos ali. Não fui muito longe, pois já tinha corrido uns 5K até ali e precisava voltar ao hotel a tempo de pegar o café da manhã e não ser deixado para trás pelo motorista que me levaria de volta ao aeroporto de Porto Alegre.

Para quem vai a Bento Gonçalves, fica a dica: pegue um táxi para Pinto Bandeira, desça antes dos vinhedos da cooperativa Aurora e corra por ali. É a estrada mais tranquila e com paisagens mais bonitas. Se eu decidir correr a Winerun 2016, vou fazer uns recreativos ali.

Mais sobre correr no meio de vinhedos aqui.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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