DRAUZIO VARELLA PONTIFICOU em sua coluna sábado passado na Folha de S.Paulo sobre as modas da nutrição. Um parágrafo:
Inventamos teorias mirabolantes que a internet divulga com tal velocidade que se transformam em ideologias com manadas de defensores ardorosos: carne é veneno, nenhum animal adulto toma leite, glúten engorda e incha, suco de berinjela reduz colesterol, e tantas outras.
A coluna fez a cabeça da rapaziada e nesta segunda-feira é a mais lida e também a mais compartilhada (“enviada”, no jargão da casa) de todos os 2 874 colunistas do jornal. Mais uma palhinha:
“Num dia, o ovo é uma bomba de colesterol prestes a explodir as coronárias; no outro, asseguram que tem alto valor nutritivo. A carne de porco que já foi a mãe de todos os males está reabilitada, a de boi enfrenta suspeitas.”
DOUTOR DRAUZIO É NÓIS
O DEMOLIDOR DOS MITOS DA CORRIDA
O DEMOLIDOR DOS MITOS DA CORRIDA – PARTE 2
PORTUGUESA: VOCÊ FAZ PARTE DE UMA GRANDE FAMÍLIA
O QUE É RUIM PARA A CORRIDA DOS STATES É RUIM PARA A CORRIDA DO BRASIL?
O médico não corre da raia e passa uma prescrição ao fim do texto: “Coma frutas, saladas e verduras com liberalidade; do resto, de tudo um pouco. Procure comer o que sua avó considerava comida.”
O educador físico e nutricionista “clandestino” Danilo Balu, o demolidor dos mitos da corrida, entusiasmou-se com o escrito do doutor, notadamente a parte da avó, mas fez ressalvas. “A fruta ‘anabolizada’ de hoje não é nem de longe uma fruta”, disse em seu blog Recorrido.
Dei-me ao trabalho de ler os comentários dos assinantes da Folha. Não há nada luminoso ali, muito pelo contrário, mas dois missivistas apontam o uso do gelo na preservação dos alimentos antes do advento da agricultura, dado ignorado por Varella.
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Tudo isso para dizer, em relação ao glúten, que não há evidências para sustentar que uma dieta sem esse componente tenha algum benefício para quem não sofre da tal doença celíaca. Tampouco, que uma dieta sem esse componente possa ajudar na perda de peso.

Portanto, queridos irmãos e irmãs, não vamos demonizar o pão na chapa e outros alimentos ricos nessa substância oriunda do trigo, da cevada, do centeio e da aveia que é o glúten.
Se não bastasse tudo o que aqui já foi dito, lembremos que o que é bom para o mercado de panificação paulistano é bom para a Associação Portuguesa de Desportos. Esse me parece um argumento bastante persuasivo, senão o definitivo, em favor do glúten.
A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição manifestou-se ano passado sobre o tema.
É importante notar que as dietas sem glúten (GF) são frequentemente pobres em cereais integrais e fibras, ingestão que é inversamente proporcional ao IMC [21]. Isto pode explicar parcialmente a fonte do aumento de peso relatado. Em relação à saúde gastrointestinal, dados experimentais recentes mostraram possíveis efeitos deletérios da alimentação sem glúten (GF) sobre a microbiota intestinal em indivíduos saudáveis. Devido ao seu efeito prebiótico, pode-se mesmo afirmar que a ingestão de farinha de trigo integral por indivíduos não sensíveis ao glúten contribui para a redução no risco de câncer de intestino, doenças inflamatórias, dislipidemias e doenças cardiovasculares.