Correndo em Buenos Aires

Paulo Vieira

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BRASILEIROS SÃO CADA VEZ NUMEROSOS na maratona de Buenos Aires, e esse dado não deveria surpreender ninguém por uma série de razões. De cara há a beleza da cidade, que, mesmo atravessando crises tão ou mais numerosas do que as brasileiras, segue aparentemente sem sentir seus efeitos.

Andei bastante pela área central nestas pequenas férias e devo ter visto uma fração mínima dos sem-teto paulistanos. 

Além disso, há as calçadas perfeitas, a arquitetura art-nouveau por quarteirões e quarteirões, os cafés com medialunas e todo más. E ainda não se fala aquide Palermo y cercanias.

Para os corredores, trata-se de uma cidade completamente plana, então para atingir o personal best aqui é o lugar.

Ontem enfrentei os 6 graus de sensação térmica e fiz minha corridinha de 1h40 por alguns lugares claves da capital portenha.

 

Começando na manjada (mas nem por isso menos bela) avenida de Mayo com 9 de Julho, fui em direção à linda praça onde estão a Casa Rosada e o Cabildo – e onde colombianos e simpatizantes enfrentavam o frio para celebrar com arepa e cúmbia possivelmente uma data nacional – pesquisem us.

A flor mecânica/Foto: Hernán Reig

Depois, derivando para o lado de Santelmo, cheguei a Puerto Madero com seus arranha-céus e lojas de grife. O objetivo era adentrar a reserva ambiental que segue ao lado do Prata e onde há cerca de 10K de cascalho para desfrute de corredores, ciclistas e caminhantes.

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E corredores os havia ontem, aos montes – frio não é desculpa para nosotros, ainda mais para argentinos, que logo se aquecem. Uma volta completa no parque me brindou com cerca de 40 minutos de visões do grande rio e de mata arbustiva.

Saindo de lá houve mais Puerto Madero – a Puente de la Mujer, de Santiago Calatrava, totalmente tomada por um grupo, talvez de religiosos –, novamente Casa Rosada, o obelisco da 9 de Julho, praça Lavalle e teatro Colón.

Tudo isso é Europa demais, e os 3K de volteios até chegar ao encontro da Santa Fe com Callao também foram bem bacanas. 

Buenos Aires tem uma lógica numérica praticamente idêntica à de Manhattan, com todos os números partindo de um mesmo ponto – aqui a Casa Rosada – tanto para norte (rumo Palermo e Caballito, digamos) como para oeste e leste. Neste caso, as ruas mudam de nome sempre a partir das avenida de Mayo e Rivadavia. 

 

Correr, não me canso de falar, é a melhor maneira de conhecer um lugar. E, sem o desgaste do calor, o tour pode, como dizem os jornalistas da Globo, não ter hora para terminar.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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