Nos 23K de Igaratá

Paulo Vieira

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NÃO SÃO INSONDÁVEIS AS RAZÕES que fazem algo se tornar muito bem-sucedido, mas por desamor ao bom jornalismo digamos o contrário. São insondáveis as razões que fazem algo ser muito bem-sucedido.

Um exemplo? Os 23K de Igaratá, essa aprazível cidade no caminho da Mantiqueira, a menos de 1 hora de Essepê, à beira da represa de Jaguari.

A prova, um sucesso de reputação, desejada por muitos como aquela lá dos ninjas de fancaria de Santa Catarina, foi disputada ontem, e nosso correspondente all-terrain, Fernando Souza Pinto, esteve nela.

Ele diz como foi.


MINHA HISTÓRIA COM IGARATÁ COMEÇOU EM 2017. Ano passado, a temporada começou bem, com  provas exigentes de trilha e estradas de terra – os 12K no Morro do Saboó e os 55K em dupla de Juquitiba.

O desafio seguinte seria justamente o de Igaratá caso eu não tivesse me perdido em Juquitiba e por isso corrido 45K ao invés de 27,5K.

E ganhasse, como resultado de meus problemas de navegação, uma fratura por estresse na tíbia.

Em 2017 passei a inscrição de Igaratá para minha namorada e fui acompanhá-la no percurso de 10K mesmo de robofoot e muletas. Igaratá é uma prova com percurso quase todo em estrada de terra, com muitas subidas e um calor infernal.

Vi muita gente passando mal na chegada, desmaiando mesmo. A Naty fechou os 10K acima da meta, 59 minutos. E eu, naquele momento, ainda mais determinado a voltar em 2018.

Corta para este ano.

Janeiro e fevereiro foram meses de muito treino e provas curtas, pretextos para enfrentar Igaratá. Estava pegando forte, mas duas semanas atrás contraí uma gripe e pus o pé no freio. Mas tinha uma meta ousada: queria chegar pelo menos em quinto na minha categoria (30 a 39 anos), algo que imaginava quase impossível.

Mas acredito que quanto maior a meta, melhor o resultado.

Ontem, nos 3K iniciais, fui em pace 4 para ter gordura nos 4K em subida que se seguiriam. Foi difícil, mas eu estava bem, e então vieram outros 6K de descidas e retas em que pude retomar o ritmo inicial.

Aí vieram outros 3K em subida que me pegaram física e emocionalmente. Decidi mudar a meta e me contentar em fechar abaixo das duas horas. Alguns competidores me estimularam e atuaram como puxadores de ritmo.

Tomei muita água, palatinose [N.d.E carboidrato de baixo teor glicêmico, se isso é possível], sal, gel, tive vontade de vomitar duas vezes em subidas, comecei a sentir dor no calcanhar após pisar em uma pedra, pensei que iria desmaiar por conta do calor.

Fechei os 21K em 1:43, e, com ajuda de um amigo que havia voado baixo nos 10K (chegou em sétimo), concluí. Foi duro, mas cheguei.

No pórtico de chegada uma outra boa notícia me aguardava: minha namorada havia sido terceira entre todas as atletas do feminino.

LEÕES DA CORRIDA DE MONTANHA

ESPECIAL 28 PRAIAS, O REALITY SHOW TRAVESTIDO DE PROVA DE CORRIDA DE UBATUBA

QUATRO PROVAS MARAVILHOSAS  DE MONTANHA PARA CORRER EM 2018

FERNANDO SOUZA PINTO NA MEIA DE SP

Igaratá é uma prova muito boa como desafio, para correr rápido e ao mesmo tempo fazer força. Mais coração do que técnica.

Estou acostumado a treinar nesse tipo de percurso, mas mesmo assim senti muitas dificuldades – eu nenhum momento sabia o que vinha pela frente.

Agora é passar esta semana piano pois domingo tenho a segunda prova de aquathlon do ano.

Foto da home: prova de Igaratá em 2017/Foto: Clayton Leme-Facebook

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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