NÃO SÃO INSONDÁVEIS AS RAZÕES que fazem algo se tornar muito bem-sucedido, mas por desamor ao bom jornalismo digamos o contrário. São insondáveis as razões que fazem algo ser muito bem-sucedido.
Um exemplo? Os 23K de Igaratá, essa aprazível cidade no caminho da Mantiqueira, a menos de 1 hora de Essepê, à beira da represa de Jaguari.
A prova, um sucesso de reputação, desejada por muitos como aquela lá dos ninjas de fancaria de Santa Catarina, foi disputada ontem, e nosso correspondente all-terrain, Fernando Souza Pinto, esteve nela.
Ele diz como foi.
MINHA HISTÓRIA COM IGARATÁ COMEÇOU EM 2017. Ano passado, a temporada começou bem, com provas exigentes de trilha e estradas de terra – os 12K no Morro do Saboó e os 55K em dupla de Juquitiba.
O desafio seguinte seria justamente o de Igaratá caso eu não tivesse me perdido em Juquitiba e por isso corrido 45K ao invés de 27,5K.
E ganhasse, como resultado de meus problemas de navegação, uma fratura por estresse na tíbia.
Em 2017 passei a inscrição de Igaratá para minha namorada e fui acompanhá-la no percurso de 10K mesmo de robofoot e muletas. Igaratá é uma prova com percurso quase todo em estrada de terra, com muitas subidas e um calor infernal.
Vi muita gente passando mal na chegada, desmaiando mesmo. A Naty fechou os 10K acima da meta, 59 minutos. E eu, naquele momento, ainda mais determinado a voltar em 2018.
Corta para este ano.
Janeiro e fevereiro foram meses de muito treino e provas curtas, pretextos para enfrentar Igaratá. Estava pegando forte, mas duas semanas atrás contraí uma gripe e pus o pé no freio. Mas tinha uma meta ousada: queria chegar pelo menos em quinto na minha categoria (30 a 39 anos), algo que imaginava quase impossível.
Mas acredito que quanto maior a meta, melhor o resultado.
Ontem, nos 3K iniciais, fui em pace 4 para ter gordura nos 4K em subida que se seguiriam. Foi difícil, mas eu estava bem, e então vieram outros 6K de descidas e retas em que pude retomar o ritmo inicial.
Aí vieram outros 3K em subida que me pegaram física e emocionalmente. Decidi mudar a meta e me contentar em fechar abaixo das duas horas. Alguns competidores me estimularam e atuaram como puxadores de ritmo.
Fechei os 21K em 1:43, e, com ajuda de um amigo que havia voado baixo nos 10K (chegou em sétimo), concluí. Foi duro, mas cheguei.
No pórtico de chegada uma outra boa notícia me aguardava: minha namorada havia sido terceira entre todas as atletas do feminino.
LEÕES DA CORRIDA DE MONTANHA
ESPECIAL 28 PRAIAS, O REALITY SHOW TRAVESTIDO DE PROVA DE CORRIDA DE UBATUBA
QUATRO PROVAS MARAVILHOSAS DE MONTANHA PARA CORRER EM 2018
FERNANDO SOUZA PINTO NA MEIA DE SP
Igaratá é uma prova muito boa como desafio, para correr rápido e ao mesmo tempo fazer força. Mais coração do que técnica.
Estou acostumado a treinar nesse tipo de percurso, mas mesmo assim senti muitas dificuldades – eu nenhum momento sabia o que vinha pela frente.
Agora é passar esta semana piano pois domingo tenho a segunda prova de aquathlon do ano.
Foto da home: prova de Igaratá em 2017/Foto: Clayton Leme-Facebook