A CONVITE DO PATROCINADOR, este pasquim participou em setembro do Desafio Uphill, a prova de 42K pela Serra do Rio do Rastro, no sul catarinense, pirambeira entre as cidades de Lauro Muller e Bom Jardim da Serra.
A corrida é mantida e promovida pela fabricante esportiva Mizuno, marca japonesa licenciada no Triste Trópico pela Alpargatas, a empresa que possivelmente mais trocou de controlador nos últimos tempos neste país.
Trata-se de um case de sucesso no mercado de corridas de rua. Gera repercussão – “buzz”, como se diz – em vários momentos do ano: quando são abertas as inscrições, em outubro do ano anterior ao evento; durante o sorteio das vagas, em novembro; e finalmente na semana propriamente dita do cascalho, no final do inverno.
Até o dia 31 de outubro segue a temporada de pré-inscrições para a edição 2018 (20 pratas por cabeça, revertidas para um organismo de turismo riorrastrense). Pelos dados divulgados pela Mizuno, infere-se que a chance de nego conseguir uma vaga no sorteio, que foi de 1 pra 7 em 2017, pode ser ainda menor nesta edição.
Por conta das dificuldades logísticas, a prova tem poucas vagas – novecentas. E isso é conveniente para a organizadora, que assim consegue transmitir fortemente a ideia que essa corrida é só para os fortes, para os determinados, os “ninjas”, no dialeto local.
Na medalha da edição de 2017 ia grafada a seguinte frase: “Aqui se fabrica (sic) lendas”.
Não é difícil pensar nessa hora no Poema em Linha Reta – fica aqui, aliás, uma sugestão para a próxima edição: reproduzir a obra de Fernando Pessoa ao longo dos 42K da estrada.
Este pasquim produziu diversos posts em que relativizava a dificuldade dessa maratona. Eles podem ser relembrados ou conhecidos abaixo.
ESPECIAL UPHILL – NINGUÉM É NINJA POR TERMINAR O DESAFIO DO RIO DO RASTRO
ESPECIAL UPHILL – A AMIZADE FALOU ALTO NO ALTO DA SERRA
ESPECIAL UPHILL – DESCONSTRUINDO A MONTANHA
ESPECIAL UPHILL – ENTREVISTAS SUADAS
De toda sorte, faltava ouvir o próprio organizador do evento. Ele aparece agora. Devo dizer que as perguntas e possivelmente as respostas perderam a potência por terem sido feitas por e-mail, exigência hoje quase unânime de entrevistados e seus estrategistas.
O entrevistado é Eduardo Oliveira, gerente de marketing esportivo da Mizuno Brasil.
JORNALISTAS QUE CORREM – A Uphill 2017 atingiu seus objetivos?
EDUARDO OLIVEIRA – Sim. Nossos objetivos são mais qualitativos. Trabalhamos para tornar a Mizuno Uphill uma prova desejada pelos corredores e para oferecer um evento de padrão internacional. E pela repercussão que tivemos, posso afirmar que a prova cumpriu seus objetivos com louvor. Tivemos grande envolvimento dos atletas, desde as pré-inscrições até o pós-prova. Acompanhamos esse engajamento durante toda a jornada, além do feedback passado durante o evento e pelas redes sociais, resultando uma ótima repercussão do projeto. A Mizuno Uphill é um projeto bem consolidado.
JQC – Muda alguma coisa em 2018?
OLIVEIRA – Tivemos muitos aprendizados desde o início, em 2013. E chegamos a um bom nível de maturidade. Em 2017 nos aproximamos do modelo mais adequado e vamos manter a programação, com largada dos 42K pela manhã, 25K à tarde e o Desafio Samurai (N.d.E: É chamado de “samurai” o maluco que faz as duas provas em sequência, totalizando 67K). Mas, claro, sempre serão feitos ajustes buscando um nível máximo de excelência
JQC – Qual a razão das mensagens “só os fortes”, “ninja” etc? Valorizar claramente o desafio?
OLIVEIRA – A Mizuno Uphill é uma prova exclusiva, desafiadora, que foge do comum. Quem participa dela também tem ou busca essas características. Muitas dessas expressões, inclusive, foram criadas pelos próprios atletas. A comunicação, portanto, não poderia ser diferente. A Uphill é uma prova que virou objeto do desejo, um desafio que o corredor busca para se sentir diferenciado.
Em homenagem ao corredor diferenciado, o poema adrede citado na interpretação do saudoso Abu.