Devagar e sempre, sempre, sempre, semp… Nuno Cobra fala à Poder e ao JQC

Paulo Vieira

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O PREPARADOR FÍSICO NUNO COBRA é daqueles poucos que o cineasta Ugo Giorgetti chamaria de “maverick”. Um lobo solitário, nadando contra a correnteza do consenso universal – neste caso, da educação física.

(lobo nada, aliás?)

O método que criou empiricamente e testou em diversos “pupilos”, como Nuno chama seus alunos, encontrou em Ayrton Senna, como se sabe, sua mais luminosa vitrine.

E mesmo com essa vitrine não ganhou as academias de ginástica, as universidades, nem mesmo fez a cabeça de personal trainers independentes. Seguidores só os filhos, como Nuno e Renato, da assessoria Cobra Saúde.

Voltando a Senna: de um mirrado e mal condicionado piloto das fórmulas inferiores do automobilismo, ele se tornou um touro, com um “cardiovascular abundante”, como disse Nuno a este repórter para o “Almoço de Poder”, seção da revista PODER, publicação para a qual colaboro mês sim, mês sim.

Nuno Cobra e Nuno Cobra Jr/Foto: Miguel Lebre (Poder)
Nuno Cobra e Nuno Cobra Jr/Foto: Miguel Lebre (Poder)

Roubo de mim mesmo e da revista, que aliás está nas bancas e nas boas do ramo por módicos 15 paus (R$ 14,90) a seguinte passagem:

“Com Cobra, Senna virou um verdadeiro Bjorn Borg, o tenista sueco que, em seus tempos de glória, nos anos 1970, subia à rede em máximo esforço cardíaco e, ao regressar para o baseline com o ponto definido parecia ter acabado de acordar.

Além disso, Senna desenvolveu uma enorme capacidade de concentração, fundamental para seu arrojo nas pistas.”

Disse Nuno:

“Quando comecei a treinar o Ayrton, ele corria 25 minutos e desmaiava. Tinha um coraçãozinho pequeno. Fui empurrando seus limites gradativamente para níveis inimagináveis. Esse é o segredo do Método. Com quatro anos de prática, começou a desenhar um [sistema] cardiovascular abundante. Mas ele seguia o Método de forma absolutamente perfeita, antes e depois do treino.” 

Seguir o método Nuno Cobra de maneira perfeita significa dar tanto valor ao treino quanto ao descanso e à alimentação. Estes são “pilares” da coisa toda. Ir lenta e gradativamente com o esforço físico para estendê-lo de maneira sustentável, outro.

Para Nuno e seus filhos, no pain no gain é anátema. Tudo o que a família Cobra pede de seus alunos é pegar leve – ainda que continuamente.

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Sacrifício, em resumo, está fora de questão. Mas quem vê os “pupilos” – ex-executivos sedentários, por exemplo – fazendo acrobacias na barra fixa, dando voltas completas com o corpo todo em torno dela, a chamada “oitava”, talvez não acredite que o professor pegue tão leve: você já tentou fazer esse exercício?

(CONTINUA LOGO MENOS)

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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