HÁ EXATOS CINCO ANOS, QUANDO JÁ LEVAVA 40 e fumaça no lombo, voltei a participar de uma prova de corrida, algo que não fazia desde a adolescência. Foi no Rio, a meia maratona, concluída com o recurso francamente indigente de caminhar por algumas centenas de metros, lá pelo 19K, no Aterro.
“Francamente indigente”, eis uma bonita expressão que arrumei para o abre deste post. Pois francamente indigente é o c*. Achar, como eu achei na ocasião, que tudo é posto a perder numa prova de corrida quando se alivia o pé é pressupor que algo maior está acontecendo.
Não, não está acontecendo. Você e eu estamos apenas disputando uma corrida de rua. Uma modalidade de lazer um tanto mais exigente fisicamente do que jogar baralho.
(Com o passar do tempo, aliás, jogar baralho pode requerer mais esforço).
Meu ponto: terminar uma prova de corrida, mesmo que a distância pareça à primeira vista uma eternidade, não é uma conquista que deveria ir para o panegírico que provavelmente não será escrito e muito menos lido quando batermos as botas.
(toc-toc-toc)
Espero, de qualquer forma, não ser lembrado por meus pósteros como alguém que concluiu xis maratonas e ipsilone meias.
Dito isso, estou feliz por voltar ao Rio. Será minha primeira “full” na Cité Maravilhé. Maratona é fetiche, e a maratona do Rio é a principal do Brasil, tendo sido concluída por 5 500 fetichistas ano passado, logo realizarei o fetiche dos fetiches em território nacional.
A MARA DO RIO KM A KM
MARATONA, O FETICHE
MARATONISTA DESENCANADO CONTA COMO FOI SUA PRIMEIRA MARATONA AOS 53 ANOS: SIM, FOI NO RIO
A MEIA DO RIO, MINHA NÃO MUITO TRIUNFAL VOLTA AO CASCALHO
DA BARRA AO CRISTO
O TREINO MAIS LINDO DO MUNDO
MINHA TERCEIRA MARATONA: A PRIMEIRA QUEBRA A GENTE NUNCA ESQUECE
CORRIDA? VAI INDO QUE EU VOU PASSAR NA TIJUCA ANTES
CORRENDO A OUVIR O BOLETIM DE TRÂNSITO DA CBN
Vai ser divertido. A Tom Tom, empresa holandesa de relógios e outros gadgets com GPS, uma das patrocinadoras do evento, anuncia a presença de pacers, aqueles sujeitos que seguram balõezinhos com as inscrições 4, 4’30”, 5, 6.
Waal. Vou me sentir em Chicago sem os uivos.
Curioso paradoxo: por conta do pacer da Tom Tom, que deixa o ritmo de cada corredor pornograficamente explícito durante a corrida, não será preciso usar qualquer equipamento atado ao pulso.
A organizadora também contratou bandas de música, na tentativa de atrair mais público para as ruas. Há até uma curadoria preocupada com batidas por minuto e combinações sonoras. Tudo muito bacana e relativamente excitante, embora na minha opinião tão dispensável numa corrida de rua quanto o boletim de trânsito da CBN.
Difícil mesmo vai ser sair de Copacabana, onde dormirei, para os cafundós do Recreio, local da largada. A linha 4 do metrô, cuja inauguração às vésperas da Rio 2016 ninguém mais botava fé, só funciona aos domingos a partir das 7 da matina.
A largada é às 7h30, ou seja, não dá tempo. Podiam ter armado um esquema especial, como no Carnaval e no Réveillon, mas são só 11 mil malucos na “full”, e entre atender caprichos de milhares ou de uns poucos, melhor ficar com a turma do guardanapo.
Uma vez dada a largada, a ideia de que é preciso correr 28K para chegar a São Conrado revela-se um pouco inquietante. Melhor pensar que dali são só 14K até o pórtico de chegada.
Por fim, sei que, diferentemente de São Paulo, feijoada é incomum aos sábados no Rio, mas se alguma alma caridosa souber de algum boteco que a sirva nesse dia, favor dar conhecimento a este pasquim.
Tal qual um treinador de futebol e sua calça roxa, não alinho para uma prova de corrida sem seguir certos rituais dionisíacos no dia anterior.
ABRINDO TUDO/DISCLOSURE: O editor deste pasquim teve passagem aérea e duas noites de hospedagem bancada pela Tom Tom; e inscrição para a corrrida fornecida pelo organizador da prova.
Tem mais que ser bancado mesmo.!!!!
Vc eh um dos maiores formadores de opiniao em corrida no Brasil e um exelente corredor
A proposito: Academia da Cachaca no Leblon, Conde Bernadote, numero eu nao sei
Bom, Bonito e Em conta para feijoada