Quantas maratonas dá para correr por ano?

Paulo Vieira

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ELE DISPUTOU TRÊS MARAS em 2017 e aproveitou ainda para ticar a Volta da Pampulha e não sei que outras provas de média distância.

Mais recente colaborador deste pasquim, Ralph Tacconi, o Monstro de Curitiba, quando diz que vai vai dar um tempinho do cascalho – expressão que a bem da verdade talvez ele jamais tenha usado –, já se programa logo para correr sete ou oito maratonas por ano.

Quatro ou cinco, na verdade.

De qualquer forma, é um negócio meio Nilson de Lima.

Melhor ele explicar.

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Depois da [mara de] Sorocaba, tirei umas férias da corrida. Não que isso significasse ficar sem correr. Talvez, se é que me entendem, sem treinar.

Tinha planilha, mas saía para correr a esmo, sem preocupação de ritmo ou percurso.

A volta da Pampulha significava o fim da folga. Corri lá na manha, sem pressão. Foi legal.

Já no dia seguinte, comecinho de dezembro, o calendário de corridas de 2018 começou.

Mesmo sabendo que no fim do ano todo mundo sai da linha, tentei – tentei – manter o planejado. Devo ter comido um pouco mais do que deveria. Quem nunca?

Mas, agora planilhado, orientado e supervisionado por profissionais, começaram os treinos.

E estou experimentando algo novo. Pela primeira realizo os primeiros treinos, a chamada base, pela frequência cardíaca. Já havia tentado algumas vezes mas desistido em pouco tempo.

É um assunto meio controverso no mundo da corrida. Há quem diga que é ultrapassado; há quem jure que funciona.

E como não sou muito fã desse pessoal que fica vomitando regras aos quatro ventos e sempre entendi a corrida amadora como algo empírico, resolvi testar pra valer o método. Mesmo porque confio muito em quem me garante que funciona.

É assim: calcula-se um limite mínimo e máximo da sua frequência cardíaca baseado na idade. Os treinos são feitos por tempo (não há preocupação com quilometragem, a princípio).

É um pouco difícil se manter dentro da faixa estipulada, às vezes é preciso aumentar muito a velocidade, às vezes andar. Não tenho dúvida que vai dar certo, mas os treinos são longos, lentos, monótonos. Chatos. Diferente dos longões habituais ou dos treinos de ritmo.

Com a base criada assim, é de se esperar que o corpo tenha uma adaptação fisiológica e que o ganho de performance seja progressivo. Aos poucos, a velocidade aumenta e a frequência se mantém na mesma faixa, sem aumento de esforço. Leva tempo pra isso acontecer, é preciso paciência. 

Tenho rodado perto de casa mesmo. Aos sábados, nos treinos mais longos, parque Villa-Lobos. Começo a correr com meu pai, que se prepara para seus primeiros 10K, depois continuo até o tempo acabar.

Geralmente vou ouvindo música. Mas, confesso que não aguento mais o Arnesto pedir desculpa ou o Nando Reis achando estranho gostar de um All-Star azul na playlist de MPB. Ou mesmo o riff do Seven Nation Army na playlist de rock.

Mas continuo. Assiduamente. Day by day.

Dia desses, pra mudar a rotina, fui no fim da tarde ao Ibira fazer um treino de 1h45min mantendo a frequência cardíaca estipulada. Vivi as quatro estações do ano, com direito a temporal, antes do treino chegar à metade.

Por mais que seja legal correr por lá, tem hora que lago, museu, monumento, tudo isso fica sem graça. E você não vê a hora de terminar. Dá até vontade de chutar os patos pra dar uma animada. Mentira. 

De vez em quando bate uma saudadezinha do dinamismo dos treinos intervalados. Mas sei que essa saudade será sepultada e dará lugar ao ódio quando eles começarem. E logo virão.

Sobre as provas, começo o ano para valer em abril. Em Santiago. O meu grande objetivo no semestre. Minha primeira vez lá, expectativa enorme.

Sempre tive uma simpatia pelo Chile que não sei explicar. Ler Neruda na adolescência talvez dê pistas.

Dois meses depois, em junho, volto ao Rio para tentar pagar uma dívida com a orla carioca. Um dia conto, mas preciso correr uma maratona decente por lá.

E no meio disso, em maio, corro a divertidíssima Wings for Life, também no Rio. Aquela corrida diferente em que você precisa fugir de um carro para seguir na prova.  Considerando que estarei no pico da preparação, é bem capaz que eu corra uma distância próxima de maratona.

Então, diante desse cenário, serão duas maratonas e mais uma prova longa em menos de três meses. E no fim de julho, outra. A SP City. A nova maratona de São Paulo parece que pegou. Corri a primeira edição em 2016, quando a gente subia a Brigadeiro. Hoje vai-se pela 23 de maio. Dureza.

Devo fazer umas meias e travessias no caminho para testar ritmo ou por pura diversão. 

Depois disso, não sei mais. É bem provável que engate mais um 42K legal no segundo semestre. Ainda é cedo.

Mas talvez não seja tão interessante programar sofrimento por muito tempo. Oito meses já está bom.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

Um Comentários

  1. Avatar
    Eduardo Carvalho

    Parabéns !!!

    Responder

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