Correndo em Nova York

Paulo Vieira

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COMO TUDO QUE ESTÁ RUIM PODE PIORAR, vim para Nova York disposto a passar alguns poucos dias, mas já considero ficar para o halloween e ir ficando mais um bocadinho, quem sabe por uns bons quatro anos.

Passado o assustador primeiro dia, sexta passada, com chuva e vento, e o fim de semana com truck food, Times Square e gospel, finalmente reencontrei o cascalho na manhã desta segunda.

Como estou hospedado num Airbnb no Brooklyn, esse distrito gigantesco do lado de lá da ponte, decidi errar pela região nesta primeira corrida de outubro.

Se chegasse ao Prospect Park, o Central Park de dimensões modestas dos manos daqui, estaria no lucro. Mas mesmo dando voltas muito próximas ao parque, acabei por me distanciar do alvo.

Vai ficar para amanhã.

Para não ficar a ver navios, nestes 13K de hoje dei um jeito de passar junto às pontes famosas, a do Brooklyn e de Manhattan. Nesta última, com grande trânsito de ciclistas, um deles me indicou o caminho para pedestres.

Andar de bicicleta, falar nisso, é bastante encorajado aqui. A rede cicloviária literalmente encapsula Manhattan e também todas as grandes avenidas.

UMA CORRIDA NO CENTRAL PARK

UMA CORRIDA FORA DO CENTRAL PARK

GESU BAMBINO MOSTRA COMO NÃO CORRER A MARATONA DE NOVA YORK

LARANJA X VERMELHO – O TESTE DO SISTEMA DE COMPARTILHAMENTO DE BIKES DE SAMPA

Já o sistema de compartilhamento de bicicletas, tocado desde 2013 e até 2018 com dinheiro do Citibank, tem 500 estações e 8 mil bikes. Para utilizar em viagens ilimitadas de até 45 minutos é preciso pagar 15 obamas por mês. Para nós, gringos, há o passe diário de 12 obamas e um de três dias de 24 obamas.

É parecido com o das capitais brasileiras, excetuando o alcance. Em São Paulo, o Bikecidade laranja do Itaú tem 280 estações, mas enormes áreas ficam de fora, como a Zona Norte inteira e a Zona Sul a partir do Campo Belo.

Um belo cafe latte no Brooklyn/Foto: nonabrooklyn.com
Um belo cafe latte no Brooklyn/Foto: nonabrooklyn.com

Também notei que a indústria da multa também deixou suas marcas por aqui. Na região do Brooklyn conhecida como Dumbo, próxima das pontes, a multa por excesso de velocidade é dobrada. Suponho que seja uma política para qualquer região central.

Nova York precisa se modernizar.

Se houver algum leitor que tem interesse em correr em Nova York e quer fugir do Central Park, Manhattan e outros lugares mais conhecidos, sugiro, no Brooklin, fazer uma parada num café junto ao metrô Bergen Street. O cafe latte é de prima e eles ainda fazem um sorvete artesanal (com leites veganos) ali.

É uma rede sofisticadinha, para não dizer hipster. O lugar chama Van Leeuwen e o site está aqui, caso interesse.

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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