Vermelho ou Laranja? Testamos os sistemas de bike compartilhada

Paulo Vieira

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Ter ido ontem à Adventure Fair, que segue até domingo no parque Ibirapuera, revelou-se apenas um pretexto. Sim, tem coisas bacanas lá, como o estande da Salomon, com seus tênis leves para corrida de montanha, e, principalmente, as acrobacias dos moleques que fazem do slackline uma verdadeira cama elástica.

(Um dos acrobatas, o Ciro, me disse que amanhã à tarde rola um campeonato. Chega lá. Se não der, eles estão atrás do colégio Alves Cruz, na rua Heitor Penteado, perto da estação Sumaré do metrô, em São Paulo.)

Pois é, pretexto para quê? Para testar o segundo serviço público de compartilhamento de bicicletas de São Paulo, o das bikes vermelhas, da Bradesco Seguros. Mas antes, para começo de conversa, fecho com a urbanista Raquel Rolnik, que neste texto falou como é desarticulado o sistema paulistano, que se integra mal à rede de transporte de massa e é dominado pelas bicicletas de cor laranja, de outro banco, aquele que se diz feito para nosotros.

Como eu já usei a bike laranja no Rio, segue um teste comparativo.

Enquanto isso, as prometidas inaugurações de passarelas conectando a ciclovia da Marginal Pinheiros e suas capivaras vão ficando pras calendas…

REDE
Laranja (Itaú) – Segundo Rolnik, tem mais de 1400 pontos em Sampa e pode chegar a 3 mil ainda este ano.

Feito para você não conseguir arrancá-las daí
Feitas para você não conseguir arrancá-las daí

Vermelha (Bradesco Seguros) – Pequena. Tem 15 estações em locais afeitos às classes dominantes (gostaram?). Estão próximos a parques (Ibirapuera, Villa-Lobos) e nos Jardins.

BUGS
Laranja – Já até desisti de usar. O aplicativo não reconhece o cruzamento de meu login e senha e impede qualquer navegação no celular ou na internet; o telefone nunca funciona para reportar o problema. Com isso não consegui usar os sistemas em Salvador e Aracaju, onde estive recentemente, também geridos pelo mesmo pessoal de Recife, São Paulo e Rio.

Vermelha – Aqui você não usa celular para desbloquear a bicicleta, como no sistema laranja, mas seu cartão de crédito cadastrado. Embora as respostas da máquina sejam um pouco lentas, o sistema não deu pau, o que é uma vitória. Difícil apenas é achar o lugar para enfiar o cartão.

BICICLETAS
Laranja – Pesadas. Dá para andar, quando muito, no plano. Algumas com câmbio de três posições, outras sem câmbio absolutamente, o que não muda muita coisa.

Vermelha – Bikes igualmente pesadas, mas aparentemente mais resistentes e menos sujeitas a chuva, oxidação etc. Peguei uma bike de três marchas e outra de sete. A de sete funcionou terrivelmente mal, dava estraladas assustadoras. Na subida, como a laranja, melhor não.

Uma bike segura. Segura tanto que é difícil pedalar
Uma bike segura. Segura tanto que é difícil pedalar

CUSTO
Laranja – Aqui o Itaú nada de braçada. A utilização é gratuita durante 1 hora. A partir disso, a cada 60 minutos, você paga 5 reais.

Vermelha – Uso gratuito por 30 minutos. A cada nova meia hora a partir disso, 5 reais. Com o número reduzido de estações, prepare para ter desfalques no cartão. Só ontem gastei 10 reais (duas viagens, uma de 37’, outra de 41’). Se usasse a bike laranja (se eu a conseguisse usar, devo dizer!), os passeios sairiam de graça.

SITES
Laranja e vermelha – Ambos são parecidos, com mapa das estações e informações gerais. A vermelha tem um ótimo extrato de utilização, com registro de duração das viagens e, melhor, dos locais em que o usuário pegou e devolveu a bike. Laranja traz as cerca de 60 estações em São Paulo onde o Vale Transporte, o cartão usado nos ônibus municipais, também desbloqueia a bike.

CONCLUSÃO
Pela rede muito maior e pelo tempo de gratuidade, laranja ganha fácil a parada. Mas os bugs do sistema podem jogar tudo a perder. Por isso, se você quiser meu voto eivadíssimo de part pris, nossasenhora, deu vermelho.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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