Montadora apoia ciclista no Dia mundial sem carro

Paulo Vieira

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MOREI ALGUNS MESES fora do país em 1999. Na capital daquela grande ilha naquele tempo ainda não havia o sistema de compartilhamento de bicicletas que anos depois viria a ser implantado. Tampouco a grande malha cicloviária.

Essas ausências não me inibiram, contudo, a visitar uma feira, uma espécie de mercado de pulgas que ocorre todos os domingos perto do famoso Centro Barbican. Ali comprei uma bicicleta, meu “modal” pelas semanas seguintes.

ESTOU CALMO!
ESTOU CALMO!

Passei-a para a frente antes de voltar para o Brasil, e não encostei mais num selim por muitos anos.

É curioso pensar que, olhando para trás, eu não via possibilidade alguma de pedalar em São Paulo no começo dos anos 2000. Sempre tive moto, é importante dizer, mas, mais do que isso, parecia a mim haver uma incompatibilidade total entre bicicleta e São Paulo, SP.

Aqueles meses de Londres foram uma espécie, quem sabe, de exílio cicloviário.

CARROS X BIKES X SKATE X ÔNIBUS

AUMENTA O PACE QUE ISSO É BICICLETA

Estranho é que essa incompatibilidade não existia na minha adolescência, quando ia ao trabalho, nos Jardins, de bike. São Paulo sempre teve topografia exigente – conhece a rua Paris? –, mas o raciocínio vigente, indiscutível, era pensar que da bicicleta se passava para outro veículo: ciclomotor, 125cc, XL etc.

Quase uma escala ontológica em que o indivíduo com 100% de ser seria o carro.

Desde 2011 ou 2012 adotei de novo a bicicleta. A preguiça de consertar a moto ganhou um álibi.

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Conto essa pequena história para dizer que hoje é muito satisfatório e razoavelmente seguro se deslocar de bicicleta.

E que, se não era tão seguro naquele tempo, também não era impossível. Mas havia uma ideologia reinante, mais pesada, a impedir que a bicicleta fosse mais presente nas nossas vidas.

Hoje, com a malha cicloviária dá para ir para muitos lugares da cidade. O principal problema é a falta de um chuveiro no trampo ou nos cafés com wi-fi em que hoje defendemos o puro malte de cada dia.

Tudo isso para dizer que neste Dia mundial sem carro, até mesmo montadoras estão tentando surfar na onda. A sueca Volvo abriu seu showroom na tenebrosa avenida Europa, em São Paulo, para celebrar o pedal com grupos de bikers.

Tem agito ao longo da tarde e no começo da noite.

Marketing? Oportunismo?

O vídeo abaixo tenta explicar.

Tire suas próprias conclusões.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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