Mario Sergio, da Run & Fun, fala ao JQC

Paulo Vieira

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Mario Sergio em seu novo escritório
Marião

EX-TREINADOR DE NATAÇÃO do Clube Pinheiros, Mario Sergio Andrade Silva é um dos empresários mais bem sucedidos do universo da corrida de rua. A assessoria que fundou há 23 anos, a Run & Fun, tem cerca de 2 mil alunos, 80% deles em São Paulo.

Mario já publicou um livro de introdução à corrida, o Corra, facilmente encontrável na Estante Virtual, que vai na linha totalizante dos velhos guias americanos do esporte, como o saudoso e datado Guia Completo, de James Fixx, o homem que amava as corridas e acabou por deixar a vida no cascalho.

A MORTE E A MORTE DE JAMES FIXX

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Embora apenas 10% de seus alunos disputem maratona, a entrevista que ele gentilmente concedeu anteontem ao JQC em seu novo QG, na rua Califórnia, no Brooklin paulista, girou muito  em torno dos míticos 42K e de seus praticantes.

“A maior parte dos atletas que entram na Run & Fun querem perder peso ou iniciar na corrida. Mas é o maratonista que me dá problema”, disse.

A MARATONA E OS MARATONISTAS

“Quem me dá mais problema é o maratonista. O cara que faz 10K e a meia maratona pode até querer baixar seus tempos, mas o risco de overuse (lesões causadas por movimentos repetitivos) nele é menor. São 10% os praticantes de maratona na Run & Fun, mas são eles que mais postam, que mais formam opinião e que talvez sejam os caras mais admirados. Mas é um risco muito grande pensar que durante dez, 15 anos, só se vai ter prazer na corrida correndo pelo menos uma maratona por ano.”

A INADEQUAÇÃO PARA A LONGA DISTÂNCIA

“O ser humano não foi feito para correr tão longas distâncias em tão longo tempo. Na maratona são 40 mil passadas, 40 mil batidas na coluna, não é legal para o corpo. Mas, claro, há o ganho emocional, isso tem de ser pensado. Não me entra na cabeça, contudo, o cara disputar a prova dez a 15 quilos acima de peso. Se é meu aluno, tento minimizar o problema. Em vez de correr uma maratona todo ano, proponho que corra uma vez a cada dois anos.”

MAIS RUN DO QUE FUN

“Venho de um ambiente exigente, cheguei a nadar 10K por dia em treino. É abissal. Mas a gente lida com atleta amador, caras que foram sedentários na infância e juventude, que mal e mal começaram a correr e já querem ser tratados como amadores de alto nível. Isso é estranho. Assim, foi um grande desafio colocar prazer no treinamento. O “Fun” do nosso nome não é à toa. Mas não se trata de ter todo mundo brincando de pique-pique no treino, a gente se debruça muito sobre técnicas de treinamento.”

EVOLUÇÃO DO TREINAMENTO

“Houve uma grande mudança no treinamento de corrida dos anos 1990, quando começamos, para cá. Antes preconizava-se o LSD (Long Slow Distance), fiz alguns caras selecionados rodar 100K por semana. Cheguei a dar 42K num treino só. Hoje ninguém faz isso. Mas minha experiência de 23 anos permite ver o que vem dando certo e aplicar. A bibliografia diz que alongamento não previne lesões, mas sei que é legal alongar. Claro, dez minutos de alongamento não vão deixar ninguém mais flexível, é necessária uma prática de 30, 40 minutos, de preferência em outro dia, mas mesmo assim mantivemos.”

A INTELIGÊNCIA DO CORPO

“O corpo é muito inteligente e se acomoda muito rápido. Por isso que é importante fazer treinos de qualidade, com variação de ritmo, elevar a frequência cardíaca e depois elevar de novo. Isso vai propiciar uma maior queima de calorias e ajudar no emagrecimento. Nem todos precisam indiscutivelmente fazer treinos de intensidade (dar tiros). Mas o cara que quer fazer índice para correr a maratona de Boston vai precisar.”

MARIO SERGIO SILVA FALA AO JQC – PARTE 2

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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