Direito ao esquecimento

Paulo Vieira

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A internet é apontada por dezenas, centenas de pessoas, como a responsável pelas demissões em cascata no jornalismo brasileiro. A dificuldade em ~monetizar~ o conteúdo, a que todos querem supostamente ter acesso só de graça, seria o cul-de-sac (precisava usar, perdão), o beco sem saída da nossa remuneração, e, por consequência, da profissão.

A CASA CAIU, E AGORA?

Para não entrar no mérito da irrupção de novas e velhas formas de pagamento – fundos de capital, mecenato, editais, contribuições individuais –, culpar a internet é cômodo demais. A parte posterior da cobra.

NÓS, QUE AMÁVAMOS TANTO O JORNALISMO

Quem o faz age da mesmíssima maneira dos taxistas paulistas, cariocas e gaúchos em relação aos motoristas do Uber. Sem tirar nem por.

PLAYBOY, A VOLTA DA QUE NÃO IA

Mas a pauta aqui é positiva. A internet, veja só, ajuda a perpetuar nossa história de uma maneira que nem mesmo os mais diligentes biógrafos de si próprios, nem mesmo os mais organizados colegas (um milhão de salves ao imenso Armando Antenore), seriam capazes.

O ESPECIALISTA

É verdade que hoje o “direito ao esquecimento”, o direito de ter o próprio nome limado das buscas do Google, é uma realidade na Europa sob certas condições.

O VERDADEIRO ESPECIALISTA

No Brasil, projeto já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara muda preceitos do Marco Civil da Internet e facilita a retirada de conteúdo que ligue alguém a fato “calunioso, difamatório ou injurioso”, ainda que a Justiça não tenha adrede estabelecido se tal fato é mesmo calunioso, difamatório ou injurioso.

O FINO DO JORNALISMO

Com tudo isso, inspirado pela leitura do suplemento Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, deste domingofui ao Google na vã esperança de encontrar um perfil sobre o engenheiro abolicionista André Rebouças, que escrevi para a finada revista República, em 1998.

HISTÓRIAS QUE NOSSAS BABÁS NÃO CONTAVAM

Não só o encontrei, como, numa distorção feita por algum leitor influente, me vi autor de um livro sobre Rebouças. O livro tem o mesmo título da reportagem, O negro abolido pela República. Assim, folgo em, sem esforço, ter cumprido uma das metas desta encarnação, qual seja, escrever um livro.

O CORREDOR SEM METAS

Vou usar isso da próxima vez que me pedirem um pé biográfico, uma biografia em três linhas. E espero que o tal projeto 215/2015 não passe no plenário. Vai que me somem com essa autoria?

ANDRÉ REBOUÇAS, MEU PRIMEIRO LIVRO

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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