A primeira meia maratona

Paulo Vieira

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É difícil saber das atrocidades que se passam no Sudão do Sul – o New York Times tem um vídeo perturbador, a propósito –, mas é impossível ficar alheio ao futebol brasileiro, mesmo em ressaca total do futebol-arte, um dia em voga por aqui.

Sirvo-me assim da metáfora do Felipão na Copa de 2014, quando a vaca ainda não havia ido para o brejo em Belo Horizonte: “É  preciso dar um passo de cada vez”.

É o que anda fazendo o Attilio Faggi, que se encontrou recentemente com (e na) corrida. Ele contou há cerca de três semanas aqui no JQC sua história de corredor madrugador em Montes Claros, onde o São Francisco não faz a curva e o sol é para todos e muitos outros mais.

Attilio acaba de dar mais um passo na sua vida endorfínica. E não é em direção ao naufrágio, como os 11 de Felipão, mas rumo a metas bem mais auspiciosas.

Ele conta abaixo como foi completar sua primeira meia maratona.

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Atillio e seu primeiro 21K/Foto: Clarissa Caldeira
Atillio e seu primeiro 21K/Foto: Clarissa Caldeira

A ansiedade havia me impedido de ter uma noite de sono adequada. Acordei por volta das 5h, comi algumas poucas bolachas cream cracker e dediquei alguns minutos para alongamento de pernas e braços.

Roupas, relógio, documentos, barrinhas de banana, já estava tudo separado na mesinha da sala. Após nove meses de treino e 1 220 quilômetros rodados (893,5 deles entre janeiro e junho), me sentia preparado.

O percurso, que seria realizado em três voltas, já era velho conhecido, pois é o meu local de treinamento habitual; o horário, um pouco mais tarde que o normal; a motivação, a realização de um sonho.

Ansiedade e mãos geladas, mas tudo isso ficou para trás com o acionamento da corneta de ar comprimido pelo prefeito, que dava início a mais uma edição da Meia Maratona Aniversário de Montes Claros, às 8h22 do domingão, 5 de julho.

Agora, era tentar administrar o ritmo para não caminhar em nenhum momento durante os 21K. Cerca de 230 atletas, entre veteranos e iniciantes, se inscreveram para a meia. Havia gente também correndo 5K e caminhando.

Os primeiros quilômetros foram tranquilos, no meu ritmo, devagar e sempre, mas tenho de admitir que a partir do 16K foi mais cabeça do que pernas. A vontade superou a estratégia traçada para a corrida.

Com a proximidade da chegada, era impossível segurar o sorriso, e a sensação de tarefa realizada se apoderava de mim. Agora, é continuar com os treinos quatro vezes por semana e estabelecer novas metas, pois esta já foi superada!

Para ler sobre a primeira meia do editor deste pasquim eletrônico, a do Rio, clique aqui.

E para ler alguns relatos muito distintos sobre o que é completar a primeira maratona, venha por  aqui (São Paulo), aqui (Nova York), aqui (Rio) e aqui (outra vez o Rio, a preferência nacional).

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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