Estela Marcondes, a amadora profissional

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Com 20 anos, enquanto muitos dos jovens da sua geração faziam campeonatos de shots de vodca em festas da faculdade, Estela encontrou na corrida uma terapia para a vida. Mais impressionante do que o início precoce são seus resultados: 38min50s nos 10K, 1h28min nos 21K e 1º lugar em importantes corridas de montanha, seu mais novo desafio. Hoje, aos 26 anos, se prepara para correr a primeira maratona.

Seu talento é tão evidente que chamou a atenção de ninguém menos do que Cláudio Castilho, treinador de Adriana Aparecida da Silva, medalha de ouro no Pan de 2011.  “Ele me ofereceu a oportunidade de treinar junto com os profissionais por um ano e ver se tinha gás para ser ‘profissa’. Fui federada do Clube Pinheiros em 2011 e lá fiz minhas melhores marcas”, conta Estela. No Pinheiros treinou com Adriana, Solonei e outros  grandes nomes do atletismo brasileiro.

Mas foi difícil conciliar a carga de treinos (que quase triplicou nessa época) com a faculdade e o estágio. “Eu dormia muito pouco e não conseguia me alimentar direito. Assim, após 8 meses de treinamento, tive uma fratura por estresse na coluna e fiquei afastada da corrida por mais de meio ano. Me tratei com todo o apoio do Clube Pinheiros e do Cláudio. Foi difícil para mim ter que parar no momento em que tinha grandes avanços. Mas já tinha percebido que gostava mesmo é do esporte amador, de uma pegada mais cooperativa e menos competitiva”, conta.

Estela começou a correr quase que por acidente, espremida entre os horários da faculdade de Terapia Ocupacional e o trânsito que a impedia de chegar à academia. Decidiu calçar um tênis e sair correndo. “Foi mais forte do que decidir começar a correr: foi sentir. Como eu não tinha a menor noção, achei que o natural fosse correr o mais rápido que conseguisse pelo maior tempo que aguentasse. Assim, sem cronometrar, fiz meus primeiros 6K. Me senti liberta, feliz, potente. Como se eu pudesse tudo.”

Apesar da determinação, assim como nós, pangarés, ela também tem que rebolar para encaixar a corrida em uma rotina puxada. Mas transforma isso em combustível para não desanimar. “Tenho que me organizar para já sair de casa com os lanches e equipamentos para correr. Mas isso me dá mais força de vontade: depois de arrumar tudo é mais difícil desistir do treino só por causa de uma garoa.”