Vai ou racha

Paulo Vieira

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Solonei posa para a Runner's/Foto: Renato Pizzutto
Solonei posa para a Runner’s/Foto: Renato Pizzutto
Está nas bancas, e só nas bancas, o perfil que escrevi do maratonista paulista Solonei Rocha para a revista Runner’s World Brasil a convite dos amigos Mauricio Barros, Patricia Julianelli e Gesu Bambino.

O penapolense Solonei sempre gostou de jogar futebol e começou bem tarde no atletismo. Mas como sempre ganhava as provas que disputava pela primeira vez, acabou por se render aos fatos: ele dava mesmo para a coisa.

Vencedor da maratona de Porto Alegre (primeiro 42K que disputou), de São Paulo e de Pádua, na Itália, onde cravou seu recorde pessoal, 2:11:32, ele trouxe para o Brasil o ouro no Pan de Guadalajara, em 2011. No ano passado, foi sexto colocado da maratona no mundial de atletismo, em Moscou, onde legou para a posteridade a imagem da corrida, ao chegar de mãos dadas com outro brasileiro, Paulo Roberto de Paula, que vinha em pace mais lento.

A história de Solonei ganhou relevo não por conta da origem humilde, caso de tantos atletas, mas pelo fato de já ter sido coletor de lixo em Penápolis. Ele foi também montador de mola de caminhão e trabalhou muito tempo num curtume, e foi numa prova organizada pelo pessoal do curtume que começou sua carreira.

Estive duas vezes com ele, uma em Bragrança Paulista, onde vive, e outra em Campinas, onde faz seus treinos de intensidade. E trocamos inúmeros e-mails.

Solonei vinha de uma decepção, a quebra na maratona de Lake Biwa, no Japão, no começo de março, e começava seu trabalho com um novo técnico, Ricardo D’Angelo, que estava na delegação brasileira em Moscou.

Solonei quer quebrar seu recorde pessoal, mas não contava, até o fechamento da reportagem, com um calendário definido das principais provas de que participaria. Mas ele quer muito estar entre os três maratonistas brasileiros dos jogos do Rio. Por 2014 ser um ano chave para começar a se qualificar e, principalmente, pela troca de treinador e clube, sugeri o título que acabou vingando e que está também neste post: Vai ou racha.

Como toda apuração de mais fôlego, há histórias ainda a ser contadas. Uma das melhores é sobre o desmantelamento da Rede Atletismo, que em pouco tempo se tornou a melhor equipe de atletismo brasileira, com instalações de padrão jamais visto no Brasil.

A Rede Atletismo quebrou antes, mas não demorou para que se desmantelasse também o império de Jorge Queiroz, o grande mecenas, o bragantino amante do atletismo e dos pés de café, cuja Rede Energia chegou a ser uma das maiores empresas de geração e distribuição de energia do Brasil.

Solonei, que se mudou de Penápolis para Bragança nos bons tempos da Rede e ali ficou, é um sujeito focado: quer terminar sua faculdade de educação física, e por isso pretende viajar menos. Ano passado, quando fez diversas provas fora do Brasil, só pegou DP em filosofia. Esse ano até isso ele quer evitar.

Quebrar seu 2:11:32, iniciar sua qualificação para o Rio e para o diploma, não são poucos os desafios de Solonei. Ou vai ou racha.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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