Um sistema Cantareira pra chamar de seu

Paulo Vieira

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Quem reclamava que 2014 não acabava nunca talvez quisesse agora que 2015 jamais começasse. Se nos avisassem do que viria por estes dias, de Paris à Cidade Nova, creio que pediríamos para ficar no piques, ou guardando caixão, para só voltar a brincar em 2016.

Mas como essa opção parece não existir, vamos para o green, como se diz no golfe.

Água móvel/Foto: Divulgação
Água móvel/Foto: Divulgação

Uma interessante análise do especial “O Mundo em 2015”, da revista The Economist, prevê que empresas de tecnologia do Vale do Silício como Twitter e Facebook vão parecer no ano “velhas condessas decaídas”, numa tradução livre, perto de outras grandes da região, que vão centrar fogo em produtos menos evanescentes do que posts: gadgets, “vestíveis”, artefatos que cuidam da saúde (e que medem pressão, taxa de glicose etc.).

O Google é citado como um antecipador do “trend” com seu Google Glass, robôs e carros autodirigíveis. Eu, que mal e mal uso meu relógio com GPS – não sei onde anda, aliás, seu carregador -, vou lentamente entrando na onda.

A novidade que chegou em casa é a Fitsip, uma braçadeira que embute um pequeno reservatório de água, suficiente para 200ml, água que pode ajudar na hora em que aquela corrida de montanha que começou em temperatura amena subitamente vira uma espécie de Paris-Dakar, ou um Salta-Atacama.

Claro que 200ml não refresca muito, mas, nos casos mais extremos, a braçadeira pode até ganhar propriedades divinatórias. E, como temos dois braços, já são 400ml de água de reserva.

Como sabemos, com hidratação não se brinca.

Não há nenhuma dificuldade em colocar a braçadeira no antebraço, mas como eu sempre entro nessas coisas com algumas cabeças de desvantagem, achei que deveria colocá-la no braço, ou seja, sobre o bíceps. Antes mesmo de notar que ela não entraria ali, simulei uma manobra e vi que seria bem difícil aproximar minha boca do dispositivo.

Passados 2 minutos de pastelão, e já com a Fitsip em mãos, ou melhor, no antebraço esquerdo, ganhei o Alto de Pinheiros e o Villa-Lobos.

A lança, que foi desenvolvida no Reino Unido, é muito leve e não incomoda nada, uma grande vantagem em relação às mochilas e, por Deus, aos cintos de hidratação.

E é também muito fácil levar o antebraço e a braçadeira à boca, embora o gesto de chupar essa parte do corpo não deva fazer parte de um manual de etiqueta para condessas requintadas e decaídas, como na imagem da The Economist.

Melhor do que isso, só sair com duas Fitsip e ainda muquiar as garrafas de água pelo caminho, como ensina a parceira Julia aqui.

Você pode colocar água e isotônico no produto, mas álcool, bebidas com gás e laticínios podem abreviar a vida útil da Fitsip. A braçadeira custa 139 reais e pode ser encomendada neste site da distribuidora exclusiva no Brasil.

Como comparação, uma mochila de hidratação Camelbak, com reservatório de 1,5l, custa cerca de 220 reais.

 

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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