Até outro dia eu achava que tinha um bordão sensacional. Com ele eu faria, como por mágica, um post incrível em que desancaria o PT, a Dilma, o Garotinho e quem mais aparecesse. Só livraria a cara do Haddad, afinal sua gestão quixotesca é, acho, digno dos maiores elogios.
E ao falar do Haddad, mencionaria, claro, um cartão de visitas de seu mandato, as ciclovias, que estão pipocando por São Paulo e ajudando gente que usa bicicleta como transporte, ou, para ser mais mala, como “modal”. Tipo eu.
Tendo escrito isso, seria estranho manter o parágrafo abaixo.
Já não bastavam os corredores de ônibus. Agora vagas de estacionamento foram perdidas, conversões à esquerda já não são tão tranquilas, e tudo isso para quê? Para contemplar 3% dos deslocamentos feitos na cidade, em comparação apenas com as viagens de carros e motos.
Poderia jogar este parágrafo para cima, adaptá-lo e diluí-lo num sublead, mas aí teria de incluir o Haddad na lista de espinafrações.
Seria mais fácil eliminar a informação do 3%.
Tudo isso contando com o risco altíssimo de já ter perdido meu leitor na quinta linha, a julgar pelo tempo médio que ele, que você, dedica ao JQC: 1 minuto por entrada em setembro.
Claro que isso depende do assunto do post. E eu já tentei nudez, sexo, chocolate, nudez e chocolate juntos, erva, Brizola e nem com isso consegui segurá-lo por muito tempo.
Mas voltemos ao Haddad. Imagine o que o PT federal e a campanha do Padilha pensaram quando o sujeito decidiu botar pra quebrar e diminuir a prerrogativa dos carros em São Paulo. Existe maneira mais rápida de jogar a popularidade no chão nesta cidade? E como bônus detonar um companheiro candidato ao governo?
Se isto fosse uma HQ, o balãozinho em cima do Padilha ao ver o Haddad teria uns símbolos assim: #™£§¶•ª§∞¢¢ˆ¨¥˙ª¶¶§©∂∂ç√∫∫˜≥≤…
E coisas mais pesadas, que eu não encontro neste teclado.
O Lula, já mais paternal, olharia pro “Homem Novo”, como o Haddad era vendido na campanha a prefeito e, na HQ imaginária, menearia a cabeça e sorriria discretamente: “Eu já fui assim”, pensaria entre bolinhas.
Mas o resto do politburo já teria jogado de velho o prefeito ao mar, com requintes de sadismo, no que Nelson Rodrigues estaria certo mais uma vez caso tivesse dito:
A pior forma de solidão é a companhia de um petista.
(Esse era o bordão sensacional, mas como casá-lo com a definição do Garotinho para o PT?)
**************************
O Haddad deu para o Catraca Livre uma entrevista em vídeo pilotada pela colega de JQC Julia Zanolli. É curtinha, muito boa e está aqui.
Hoje já são 143K de ciclovias em São Paulo. Não duvido que o número vai chegar mesmo aos prometidos 400K. O projeto oficial, com dados bacanas sobre poluição e custos de saúde, está aqui.
E como eu decidi olhar umas frases do publicitário Carlito Maia, o inventor do saudoso oPTei, antes de publicar este post, compartilho algumas com vocês.
Esse cabra sim tinha bordões sensacionais.
São Paulo separa os amigos e junta os inimigos.
Amo São Paulo com todo ódio.
Brasil? fraude explica!
Se o PT não existisse, eu o inventaria.
O PT está dividido entre xiitas e chaatos.
A esquerda, quando começa a contar dinheiro, vira direita.
Tem várias outras, todas muito boas, aqui.
Tudo isso me fez pensar neste clássico: