Como correr numa praia de nudismo

Paulo Vieira

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Hora de colocar o chinelo/créd Paulo Vieira
Hora de colocar o chinelo/créd Paulo Vieira

Quando eu escrevi o primeiro post deste site, dentro de um avião bem marromeno da United Airlines, não conhecia alguns jargões e expressões bastante populares entre os iniciados em corrida. Coisas muito básicas como treino intervalado, planilha, split, tiro, propriocepção, treino educativo.

Aliás, por alguma razão fundamentalista, chamava meu treino de corrida, ponto.

Também jamais havia visto um tênis minimalista, equipamento que eu viria a adotar para o bem e para o mal até mesmo em locais onde seu uso é inadequado, como as pirambeiras de Gonçalves, ótimas para um entorsezinho.

Mínimo para mim é como eu normalmente corro na praia, como lá nas areias de Jurerê, ou seja, descalço.

Até chegar à Paraíba, onde o adjetivo foi “ressignificado” – eita.

Como é de conhecimento amplo, Tambaba, uma das praias naturistas mais antigas e famosas do Brasil, fica neste formoso estado solar.

Meia horinha de João Pessoa e você já passa na escadinha junto às pedras, o ponto limite. A partir dali, meu velho, só “full monty”.

Tem nego que trava, como aconteceu ontem mesmo, e não consegue se despir. Para essas pessoas, tirar a roupa deve ser como, no meu caso, encarar o  Insano, e, no seu, concluir a maratona. Existe até um termo técnico: “superação”.

Homens sozinhos não entram na praia, mas, por alguma razão, foi-me facultada a passagem.

E eu fiquei pensando que corrida minimalista mesmo é ali, onde, se você não é garçom ou cozinheiro do único bar local, não pode ficar de sunga, maiô ou biquíni.

Tudo balança e, dependendo da intensidade, bate.

Não havia nenhum maluco correndo ali, e eu segui o padrão. Mas já havia experimentado a sensação em outra praia naturista, a do Pinho, em Balneário Camboriú, priscas eras.

Em suma, não é muito legal.

Mas o post de verdade começa  agora, pois eu falei com dois bons, ótimos conselheiros quando o assunto é corrida. Paulo Correia,  fisiologista do exercício, professor de educação física e ex-atleta olímpico, e  Gustavo Magliocca, médico especializado em medicina do esporte e do exercício.

Eis o que pode acontecer depois de uma corrida à Tambaba.

“Se a mulher tem uma mama grande, pode sofrer dor por conta da descoordenação motora. No caso do homem, um treino de intensidade ou volume pode levar a batidas constantes do pênis, que machucam ou trazem desconforto”, diz Paulo.

“Mas pode ser que, após 10K, você não sinta nada. Só que no dia seguinte talvez não consiga nem treinar.”

Gustavo Magliocca aponta outro inconveniente.

“A exposição à areia já traz um risco de infecção. Com os movimentos da corrida há aumento da transpiração e sucção, e isso representa um gatilho a mais. O homem tem mais proteção em seus órgãos sexuais, mas a mulher fica mais exposta. Meu conselho é tentar se proteger, usar sunga ou sunquíni –  e tênis.”

Em Tambaba, a opção então é não correr.

Minha corrida catarinense, se me lembro bem, não trouxe grandes desconfortos. Também, naquela época viril, eu não me dedicava às grandes quilometragens.

Puxando pela memória, parece que agora me lembro de uma certa dificuldade para andar no dia seguinte…

Será que isso foi em Ibiza?

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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