Ricardo Lombardi, o alfarrabista, nosso convidado de ontem no JQC, disse que não teve dificuldade para largar o cigarro, que o acompanhava havia anos. Ele falou que a leitura de O Imperador de todos os males – Uma Biografia do câncer, livro do médico e professor na Universidade de Columbia Siddhartha Mukherjee, prêmio Pulitzer de 2011, foi decisiva para isso.
Li o livro, uma biografia magistral – e pode colocar nesse adjetivo o sentido de Santo Agostinho -, aos pulos, um tanto desatentamente, quase que de maneira indigna (lembro de começar a folheá-lo no Ponto Chic, com bauru e chope, mas sem corrida prévia no Minhocão).
Por isso, só fui topar com o capítulo “Como um ladrão na noite” agora, ao preparar este post. Ele fala do boom da publicidade americana de cigarro no pós-guerra e também das estratégias da indústria do tabaco para anestesiar os estudos que começavam a vincular o cigarro ao câncer no pulmão nos anos 1950.
Não vou muito longe, afinal hoje é sexta, dia de bacalhau na Casa Portuguesa com o Peixoto, mas veja abaixo os anúncios dessa época. No caso do Camel, Siddhartha não diz no livro se era preciso receita médica para comprá-lo. O famoso Homem de Marlboro, lançado em 1955, fez a marca “disparar incríveis
5 000% em oito meses”, escreve o autor. E que tal esta belezinha de associação entre cigarro e ternura?