Touro, 100 dias

Paulo Vieira

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A tísica, digo, a pneumonia já parece ser um episódio remoto na trajetória eloquente de Touro Indomável rumo aos 84 quilos e à força descomunal do animal que lhe inspira o apelido. Em novo capítulo de sua transformação física radical, ele comenta sobre seus ganhos aeróbicos surpreendentes, flerta com a creatina e se imagina, deixando a modéstia de lado, um exemplo para, palavras dele, “os mais novos”.

Sola, véi.

De algo que começou despretensioso, uma conversa no café ou no bebedouro com o organizador deste pasquim, veja aonde cheguei: já me aproximo da marca mítica dos 100 dias de treinamento.

Marca mítica marromeno, marca mítica só existe para o jornalismo, que acha que algum prefeito, algum presidente vai fazer algo em 100 dias. Se não fazem p* nenhuma em dois mandatos de quatro anos, imagina em 100 dias. Talvez seja por isso que o jornalismo vai ser enterr, bem, onde eu estava?

Ah sim, este velho tabagista que um dia esteve 16 ou 20 quilos acima do peso chega enfim ao terceiro mês de funcional um manequim mais fino e muito melhor preparado. Esqueçamos aqueles dias entrevados do fim de março. Acidentes acontecem.

Esta semana sobrei no treino. O que era pouco, a parte aeróbica, agora é algo. Eu me achei na corda, quero dizer, no exercício de pular corda, um legado incrível dos meus dias de boxe. Diferentemente de outros alunos do Veron, meu personal, consigo manter ou até baixar a frequência cardíaca sem diminuir a velocidade.

Se o professô deixar, vou pra corda agora sempre que houver intervalos na musculação. Adeus esteira, adeus odioso Transport.

As dores dos músculos da perna sumiram, e outro dia corri infinitos 16′ a 9km/h. Mas meus braços ainda ficam devendo, mesmo com carga leve. Logo depois do treino, meus tríceps estão sempre doloridos.

Por outro lado, sinto que meu ex-rotundo abdome está secando; às vezes, como que numa alucinação, sinto a musculatura crescendo por trás do tecido adiposo concentrado ali.

Se você é velho como o Paulo Vieira, ao ler a última frase deve ter se lembrado daquele looser que eu não sei o nome virando Hulk, a camisa indo pro saco com o crescimento muscular milagroso e súbito da criatura ridícula e verde.

Então.

Touro Indomável volta ao soçáite
Fever pitch

E agora um pouco de papo de boteco fitness.

Comentando a estafa muscular dos braços durante e depois dos treinos, um amigo que vai para sua primeira maratona me aconselhou a introduzir em minha dieta pré-treino creatina. O que acham disso? Melhor consultar a Doutora Serena.

Já outros amigos, que têm me visto neste espaço gloriosamente guerrilheiro (palavras que o Paulo pediu que eu usasse), me perguntam se é verdade, se é batata (outra palavra dele) minha melhora “acadêmica”.

Um deles chegou a me perguntar se valia a pena mesmo ter personal. Eu fiquei meio na miúda, povo que me conhece sabe que eu não sou de gargantear muito. Questão que esse mesmo cara me encontrou tempos depois no futebol e disse, meio sorrateiro, que havia, sim, contratado um personal.

Não quis ser indiscreto a ponto de perguntar se eu tinha algo a ver com aquela decisão, mas não tenho dúvida da resposta. A internet opera milagres. Te cuida, William Bonner.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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