Presente para a irmã: inscrição e companhia na meia do Rio

Paulo Vieira

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COMO PRESENTE DE ANIVERSÁRIO PARA A IRMÃ ELE DEU a ela a inscrição para a meia maratona do Rio. Mais: correu junto com ela os 21K para que fosse mesmo até o fim.

Quase três horas depois, exatamente 2:49:10, eles chegaram no pórtico do Aterro do Flamengo.

Hermom Dourado, que já esteve nestas páginas, contou a bonita história em suas redes sociais. Aproveitando que hoje é seu aniversário, este pasquim a reconta na data querida.

Vem pra cá, Hermom.

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DESDE QUE COMECEI A CORRER pra valer, no final de 2013, sempre busquei superar os meus limites. O prazer estava diretamente relacionado a quebras de recordes e conquistas de novas distâncias.

Em julho de 2014, quatro meses após completar minha primeira prova de 10K, fui ao Rio para minha estreia na meia.

Ao longo daqueles 21,1K entre o Pepê e o Aterro do Flamengo tive a companhia do Walso, um primo muito querido que mora na Cidade Maravilhosa e que já havia completado até ultramaratonas.

Ele teve o gesto nobre de incentivar o novato naquela manhã.

Paradinha com Vidigal ao fundo
Paradinha dos irmãos para pose com Vidigal ao fundo

Foi pouco mais de duas horas de pura sofrência, mas a sensação de vitória deixou todas as dores que eu passei a sentir logo depois sem a menor relevância.

De lá para cá, fui evoluindo no esporte, baixando meus tempos em todas as distâncias e completei três maratonas.

Ao concluir ano passado a segunda, justamente no Rio, fiz minha inscrição para a meia maratona de 2017 e também para a minha irmã, Gigliane.

Foi o presente de aniversário que dei para ela, que chegou aos 40inha em 2016.

Confesso que não estava nos meus planos acompanhá-la durante todo o percurso. Inicialmente eu queria mais era treinar forte até a data para baixar a marca dos 1:40. Mas pouco tempo depois passei no processo seletivo de um mestrado e a corrida entrou em segundo plano.

Com 10 quilos a mais este ano, a meia do Rio virou a única prova do meu calendário de 2017. Nas novas circunstâncias, abandonei a meta de tempo. O lance seria curtir ao máximo.

Então por que não fazer pela minha irmã o mesmo que meu primo havia feito por mim três anos antes?

Pois foi com esse espírito que parti para a largada no último domingo, 18 de junho. Pau de selfie com celular a postos, um céu azul maravilhoso convidando para um mergulho no mar e uma atmosfera de alegria contagiante ao nosso redor.

Na concentração, no Pepê
Na concentração, no Pepê

Quem ditava o ritmo era a Gigliane. Precisava interromper para um pip’s stop? Sem problema!

A paisagem exigia uma nova pausa para uns cliques especiais? Bora lá e capricha na pose!

As cãibras começavam a castigar? Alonga aí o tempo que for.

E assim fomos nós, os Dourado’s Runners, sem preocupação com os números que o relógio mostrava. Chegando ao Aterro do Flamengo, percebi a euforia que tomava conta da mais nova meia maratonista da família.

Pensei ser aquilo algo que ocorre com qualquer corredor que conquista uma nova distância – ainda mais sendo a dos respeitáveis 21K, e sob sob um sol que castigava.

Medalha, medalha, medalha
Medalha, medalha, medalha

Apenas dois dias depois, quando li a postagem que ela fez sobre a prova, me dei conta do tamanho da conquista para ela: “Tive asma na infância, fiz 25 anos acamada com uma séria hérnia de disco, fiz 30 acamada com erisipela, era sedentária até os 33…

…ao me aproximar dos 40, há 3 anos, graças a um convite do meu irmão, decidi que iria começar a correr.

Comecei do nada. Planilha de internet e cronômetro de geladeira. Uma volta no quarteirão e já começava uma crise de dispneia… Mas fui em frente.”

O saldo que tiro da experiência? O de que podemos ser plenamente realizados com uma conquista alheia. Foi o meu pior tempo para a distancia, mas nunca me diverti tanto numa corrida.

Ser coadjuvante é maravilhoso. A grande vitória pessoal é da minha mana,  mas a alegria é compartilhada. A cada dia me apaixono mais por este esporte!

* Hermom Dourado é jornalista formado na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e trabalha e faz mestrado na Universidade Federal de Uberlândia; corredor amador desde o final de 2013, nunca desistiu de uma prova – nem mesmo quando teve uma diarreia daquelas antes da primeira maratona

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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