A MARATONA DE BOSTON É A MAIS DESEJADA DO mundo. Suas doze décadas de tradição e o processo de inscrição, que exige uma qualificação de tempo cada vez mais rigorosa, fazem dela o fetiche do fetiche do grande fetichista, o maratonista.
Meu colega Sérgio Xavier, ligeiro como só ele, já extraiu desse grande limão uma caudalosa limonada, o livro Boston – A mais longa das maratonas.
Pode-se dizer que toda a carreira maratonística do parça só houve em razão de Boston. Depois de ter corrido há dois anos a mara das maras, passou a curtir uma suave aposentadoria endorfínica, que o faz pensar duas dúzias de vezes antes de encarar um trotinho.
Mas com o maluco do Nilson Lima as coisas não se passam bem assim. Nilsão, o homem que não para de empilhar maratonas no currículo, corre hoje sua 245ª mara, a décima prova de 42K seguida em 17 dias.
Boston é um dos 42K que ele faz questão de estar chova cão, gato ou canivete. Será sua nona participação, o quinto ano consecutivo.
A outra prova que ele procura ir todo ano é a sul-africana Comrades, a ultra mais famosa do mundo, com seus 90K. São seis participações consecutivas desde 2013.
Ano passado ele acrescentou 53 maras e ultras ao currículo, e a média de 2019 aponta para algo semelhante: até o fim de abril deve completar outras 15.
O camarada não tem grande expectativa de tempo para hoje. “Sete [maras] em sete dias, a última ontem, isso aliado a grandes viagens, qualquer sub 4 em Boston tá ótimo”, disse a este pasquim por Zap.
Mas como ele já correu lá 3:22, tenho certeza que tentará fazer força melhorar os 3:49 do ano passado. Projetou no “scout” da organização Marathon Maniacs, em que registra suas provas, o tempo de 3:45.
Nessa doideira de correr uma maratona por dia em uma semana, os deslocamentos são, de fato, maratonas à parte. Todas as provas foram feitas em estados americanos diferentes e em cidades minúsculas, que exigem combinações de modais bastante cansativas. A treta começou em Winnsboro, na Luisiana, e terminou em Vienna, no Illinois.
Talvez por isso, e pelo cansaço acumulado de tamanho esforço, Nilsão tenha sido sub 4 apenas nas duas primeiras provas desse giro americano, a de Winnsboro e a de Lake Village.
Quando voltar ao Brasil, no meio da semana, pretende descansar carregando pedra. Corre já neste domingo a mara de Brasília e no domingo seguinte joga em casa, em Uberlândia, competindo na maratona que leva seu nome.
E eu aqui achando que já resolvi o ano com meu 3:48inho na mara de São Paulo de domingo retrasado.
Ouvi falar que existe um livro sobre este camarada que será lançado no próximo dia 27, mas já está à venda, em versão e-book, em: https://www.amazon.com.br/dp/B07MJP8PK3