DE QUE MANEIRA VOCÊ QUER MORRER? A pergunta, infelizmente, é menos retórica do que gostaríamos – afinal, morremos.
Costuma-se responder à questão citando atividades prazerosas: dormindo, copulando, exagerando no xinxim de galinha e na cocada de forno, assistindo a uma goleada sobre o Palmeiras em pleno estádio.
Mas pouca gente diz “correndo”.
É que bater as botas durante uma corrida, algo que acontece aqui e ali – como a morte na Night Run ano passado, em São Paulo –, significa morrer com sofrimento, em geral asfixiado por uma falha do coração.
BRADICARDIA, TE AMO
CORRER MUITO MATA?
DEVEMOS FALAR SOBRE A MORTE NA CORRIDA?
O CARDIOLOGISTA NABIL GHORAYEB CONVERSA COM O JQC SOBRE O CORAÇÃO
É irônico saber que um dos responsáveis pela popularização da corrida nos Estados Unidos e, portanto, no mundo, o novaiorquino James Fixx, tenha partido dessa para melhor quando corria solitariamente num rincão rural do estado de Vermont.
Ele tinha 52 anos quando sofreu um violento ataque cardíaco. Foi encontrado sem camisa, apenas de short, sua indumentária oficial de treino.
Fixx escreveu dois livros sobre corrida, o primeiro o best seller blockbuster Guia Completo da Corrida, um manual apologético sobre o esporte, em que faltavam considerações científicas abalizadas mas abundava romantismo. Para você ter uma ideia, ele ensinava como fazer um shorts de treino a partir de uma calça jeans .
Fixx sabia dos riscos que corria. Seu pai morrera ainda mais jovem, quando tinha apenas 35 anos, também vitimado pelo coração. Na verdade, a corrida ajudou Fixx a ganhar muito melhor condição física.
Antes do cascalho, o escritor fumava duas carteiras de cigarro por dia e tinha 30kg a mais.
E você, gostaria de morrer como ele?
Nao, para nao dar municao para os sedentarios que dizem que corrida mata.
Melhor tomando cerveja