Compressão

Paulo Vieira

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TENHO TRÊS PARES DE MEIAS DE COMPRESSÃO. Um par branco, da Sigvaris, um preto, que veio no kit de uma prova de 15K da New Balance, e uma old fashion, daquelas que nossas mães usavam para minorar os problemas de varizes.

Se há um padrão regular de utilização, ele tem mais a ver com as temperaturas baixas do que propriamente com a regeneração muscular e um possível aumento de performance, algo que ainda está por ser melhor entendido.

Corri duas maratonas, a primeira com a meia de compressão preta, a segunda com uma 3/4 sem compressão, sem contra-indicação, inclusive, para o uso social. Baixei em 12 minutos meu tempo na segunda, mas é claro que a principal variável na diferença de performance não estava num item de vestuário.

Nunca as usei após as corridas, para acelerar a regeneração muscular, uma de suas propaladas vantagens.

PERFORMANCE, PERFORMANCE, PERFORMANCE

3:34, INTRO

MARA DE SP, VIVACE

ENFAIXA QUE EU GOSTO

MEU PÉ ESQUERDO

EU, DAVID LUIZ

Seja como for, há gente abalizada que vê possibilidades de ganho na utilização da meia de compressão na corrida – e assim que ela termina. O treinador de alto rendimento americano Steve Magness, autor do livro The Science of Running, faz uma longa exposição aqui (em inglês), do qual eu extraio apenas  as conclusões:

  • As meias de compressão podem – podem – acelerar a regeneração muscular e reduzir dores e incômodos.
  • São úteis se usadas depois de treinos ou provas realmente exigentes.
  • Vale também usá-la antes de uma prova importante. Mas é bom ter em mente que, se a regeneração muscular é positiva, às vezes também precisamos de um pouco de dano para testar nossa capacidade de adaptação. (E aqui meto meu pitaco: a destruição criativa de Shiva é tão necessária quanto a construção de Brama – waal, isso é puro Schumpeter.)
  •  Concluindo de verdade: meia de compressão é uma ferramenta na regeneração muscular, assim como a velha banheira de gelo. Não é uma pílula mágica, mas possivelmente pode ajudar.
No durante da maratona – e um pouquinho no depois
No durante da maratona – e um pouquinho no depois

Por fim, devo dizer que quando virei meu pé esquerdo nas pirambeiras de Gonçalves – Gonça, diria o Gesu Bambino –, e fraturei o quinto metatarso, foi a meia de compressão cor de pele que deu cabo do inchaço descomunal do pé – em um dia!

E se elas ainda não se provaram à luz da ciência efetivas na corrida, na prevenção da chamada trombose de voo, que pode surgir em voos de mais de oito horas de duração, elas funcionam que são uma maravilha.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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