Laguna é uma espécie de São Vicente de Santa Catarina. A longa praia principal, Mar Grosso, ornada por uma larga faixa de areia cinzenta e dura e por uma escassa vegetação de restinga, está longe de figurar entre as 10, 20, 50, 500 mais bonitas do estado. A separá-la dos muitos prédios de três andares da avenida, uma arborização mirrada, nada fotogênica.
Mesmo com seu pequeno centro histórico razoavelmente preservado, é difícil voltar no tempo e pensar nela como a momentosa capital da revolução comandada por Garibaldi e sua mulher Anita, a “heroína de dois mundos”. De qualquer forma, Laguna traz, até mesmo ao forasteiro, um sabor de déjà-vu, e isso está longe de ser ruim.
Me vejo aqui como naqueles verões em que tudo o que tínhamos – e bastava – era, pela manhã, uma praia dura com um carrinho de raspadinha; à tarde, o bacana era encher as latas de óleo Salada com água boa da bica. Não havia granola, sashimi e café expresso, e isso ainda não fazia falta.
Do Mar Grosso fiz uma corrida já conhecida, mas sempre desejada, pela praia do Iró até sua ponta norte, quando uma elevação de pedras a separa de outra praia cujo nome ignoro, do Sol, quem sabe, num trajeto de cerca de 15K, ida e volta.
A novidade foi ter passado um ou dois quilômetros na areia fofa, como se em duna corresse. Um trajeto que ficou bem exigente dessa forma. Na hora me lembrei de um desafio pelas praias do norte de Florianópolis, que o Roger Bittencourt relatou aqui.
Minhas duas filhas, que conhecem granola, sashimi e café expresso, adoram pegar “jacarézinho”no marzão que se vê desta varanda. E “caçar” tatuíra na volta da onda. Também dá para pegar água na bica – difícil é achar o antigo latão listrado.
E o sashimi até que é bem bom.