Contra o relógio

Paulo Vieira

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Aonde vão com tanta pressa?
Onde vão com tanta pressa?

Na minha errática carreira de entrevistador em quase um ano de JQC – num glorioso 29 de abril de 2013 colocamos nossos primeiros posts no ar -, esta foi uma das perguntas mais sagazes, acho, que fiz. Indaguei ao sempre solícito Sergio Xavier Filho, diretor de redação da Playboy, colunista da Runner’s World Brasil, nove maratonas nas costas (na época, sete) o seguinte:
(a íntegra da entrevista está aqui)

JCQ – A gente entra nessa porque é ruim de esporte coletivo? Acha que isso é regra geral? Isso explicaria o grande interesse pela corrida e outros esportes não tão competitivos?
SX – Não. No meu caso, por exemplo, jogava futebol e tênis em um nível razoável. Nos meus delírios, me achava até craque… Só que eu não conseguia ficar com o peso ideal. Até porque tinha lesões musculares e articulares. Na corrida, assumi o controle. Treino na hora que eu quero e posso, não preciso de ninguém, a chuva não me atrapalha. Mas discordo: a corrida pode ser muito mais competitiva que o futebol. É eu hoje contra eu ontem. No futebol, podia esperar que o craque do time resolvesse o jogo. Na corrida, é nóis, mano. Ou melhor: “é eu, mano”.

Na época não entendia muito a ideia do “Eu hoje contra eu ontem”. Pois passei a compreender desde que voltei de Orlando com um
Garmin de 110 dólares que o Gesu Bambino, com a curiosidade dos inocentes, perguntou se media frequência cardíaca – não, não mede!

As três ou quatro corridas que já fiz com ele me jogaram num nível competitivo que não sei se lastimo ou comemoro. Começo a ter comichão de olhar cada quilômetro vencido.

Na segunda, feriado, numa corrida de 17K que começou perto de casa, no bar Sagarana, e teve seu zênite no Minhocão, ficava meio desapontado quando estava acima do 5’ (por quilômetro). Mas fazer 4’27” e 4’34” não pode virar um padrão. A não ser que você comece a competir contra você ontem.

É o que está acontecendo.

Essas parciais podem ser adequadas num longo não tão longo assim. Mas não acabariam com as minhas chances na maratona que se avizinha, prova 2,5 vezes maior?

Agora entendo uma revista de corrida com o belicoso nome de Contra o Relógio e a popularidade deste post do Iberê Dias, outro colunista da Runner’s, que corre fácil uma maratona a 15 km/hora. Ou 4’00” a cada quilômetro.

Esse tempo, pra mim, só na próxima encarnação.

E você, é louco por baixar seu tempo?

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

Um Comentários

  1. Avatar
    João

    Bom, eu quero sempre melhorar, mas não sou competitivo a cada corrida. Prefiro sempre curtir o momento.

    PS: Eu moro na mesma região que vc, se quiser companhia num longo de 17km…

    Responder

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