Correr provas sem gastar dinheiro. Como faz?

Paulo Vieira

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DE GRAÇA, ATÉ ÔNIBUS ERRADO, diz o vulgo. Busão errado não sei, mas quem nunca encarou com alegria a perspectiva da boa e velha boca livre?

Nos grupos de corrida das redes sociais, amadores vociferam impropérios sobre variados assuntos, mas poucos causam tanta comoção quanto o custo-prejuízo das provas oficiais feitas aos montes pelas cidades brasileiras.

Ao promover hoje uma enquete informal no Facebook sobre as maras e as meiamaras mais bonitas do país, um sujeito atraiu a seguinte réplica de uma colérica corredora. Ela fala sobre a mara de Curitiba.

Curitiba virou comércio as corridas não tem nem o básico pros atletas, uma pouca vergonha, só visam lucros, um despreparo jeral, não participo mais desse circo horrendo, aonde o atleta é lixo!.

Mantive a frase na ortografia e pontuação heterodoxas originais.

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É natural que o amador queira participar de corridas oficiais, ocasião em que ele incrementa de verdade seu “scout”, a sua biografia endorfínica. É que dificilmente o sujeito que faz um longão de, digamos, 42K, inclui essa atividade no seu relatório de maratonas corridas na vida.

Poderia, mas dificilmente o faz.

A CORRIDA VAI AONDE O POVO ESTÁ

PAULO CARELLI, DA IGUANA, FALA DO CIRCUITO DA CIDADANIA

UM NÚMERO DE PEITO PARA O PIPOCA

Fica-se, então, num impasse. Como correr provas oficiais sem investir um pixo, um tutu que não se quer desembolsar?

Em São Paulo, há um circuito municipal de corridas, o Circuito Caixa da Cidadania, com dez provas anuais.

Todas gratuitas.

É menos da metade do que já foi, e com isso a dificuldade de se conseguir a inscrição é grande. Mal entra no site oficial, já era.

Resta em 2018 apenas uma, a de 16 de dezembro, um 5K pela Zona Norte de São Paulo. As inscrições ainda não estão disponíveis.

Essas corridas, todo modo, contam com a organização da empresa Iguana, que trouxe excelência ao evento.

A Iguana entrou na parada ano passado, quando a secretaria municipal de esportes, bem ao estilo João Doria em seu aninho de prefeito, quis vender aos coleguinhas a conversa fiada de que São Paulo iria se  tornar “capital mundial da corrida.”

Teve nego, claro, que comprou.

Este pasquim acompanhou uma das provas do circuito, ano passado. Veja como foi.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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