“A DEMOCRACIA É UMA DELÍCIA”, eis uma das frases do primeiro turno das eleições de 2018 de que sentirei falta. Foi proferida por Ciro Gomes no debate da Band, após a pergunta em que Cabo Daciolo revelava a existência da Ursal.
Depois o próprio Cabo usaria a frase no debate do SBT/Uol, para alegria irrestrita dos contendores – por falar em debate, será que o fujão seguirá fugindo?
E eu aqui já quase a descumprir minha promessa de mudar o rumo da conversa.
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POIS BEM, O QUE QUERO DIZER É que a corrida também é uma delícia, e casos como o da assessora jurídica gaúcha Joana Nyland, 45 anos, não são tão incomuns como podem parecer à primeira vista.
A corrida entrou na vida da Joana de uma maneira um tanto enviezada. Ela trabalhava como voluntária em provas de rua e campeonatos internacionais. E, contaminada pelo ambiente, há cerca de oito anos passou a fazer suas provinhas de 10K, “no máximo”.
A coisa se intensificou quando ela constatou estar grávida, algo que aconteceu, aliás, numa prova de 10K. “Passei mal, com muitas dores na chegada e quase desmaio. Aí me mandaram procurar um médico.”
“Quando fomos fazer um eco, ali estava nossa baby runner Helena com quase 5 meses.”
Como houve descolamento de placenta, Joana precisou evitar o esforço, o que nem sempre seguiu comme il faut – às vésperas do parto participou de uma prova de 5K.
Ao dar a luz a Helena sem qualquer sequela, decidiu retribuir a benção “incluindo a filha em sua vida com intensidade, principalmente na prática esportiva.”
Incluindo mais, pode-se dizer. Baby Runner Helena desde então passou a ser companhia da mãe (e do pai, Leandro) em corridas cada vez mais longas. Com um carrinho com suspensão apropriada, ela é empurrada pela mãe em eventos como a mara internacional de Foz do Iguaçu, que fizeram em dupla, digo, trio, sob chuva equatorial.
Nessa prova, feita no final de setembro, Joana completou a meia em 2:09:52, e Leandro, mais lento, fechou seus 21K em 03:30:40. A chuva castigou. “Tive princípio de hipotermia”, diz Joana.
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Joana, que também já correu provas de aventura com Helena numa mochila apropriada, diz que só participa das provas com a “aprovação” da filha.
“Se ela não quiser, eu não corro, tenho de respeitar sua vontade. Ela é um incentivo, pois a cada corrida aumentamos mais nosso vínculo afetivo e nos entendemos até pela respiração. Helena sabe até quando estou cansada.”
Pai, mãe e filha viajam o Brasil e a América do Sul para correr, e Baby Runner Helena, segundo a mãe, refuga pouquíssimo. Aconteceu na Mizuno Uphill. “Foi a primeira vez que a Helena acordou e disse que não iria correr. Fizemos então somente o treino de 5K.”