A mara SPCity – deboas e perrengues

Paulo Vieira

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ELA JÁ ESTÁ AÍ. DOMINGO que vem acontece em São Paulo a nova mara de Sampa, a SPCity, da IguanaSports, que parte do Pacaembu, passa pelo Centro, 23 de Maio, Ibirapuera, JK, Jockey e USP, itinerário que leva enfim algum conforto visual e interesse turístico ao corredor.

Esses predicados estão solenemente ausentes na outra mara de SP, a da Yescom.

Além disso, para quem gosta, há farta suplementação de carboidrato e hidratação nos trinques. Começando 6h30, como sói acontecer, o corredor não deve enfrentar mais do que 20 ou 21 graus se demorar mais de 5 horas para terminar a prova.

No ano passado, a Iguana ainda dispôs música para os participantes, combinando gênero e locação. Quarteto de câmara ao lado do Municipal, samba perto do Ibirapuera, tecno dentro do túnel sob o rio Pinheiros.

Este pasquim volta a comentar onde estão os pontos bacanas – e os nem tanto – da nova mara de Essepê.

DE BOAS

K2 – Depois de deixar a avenida Pacaembu, a virada à esquerda na rua Marta revela um pequeno momentum de Perdizes. Foi aqui que o bairro surgiu, em torno da igreja de São Geraldo. Repare, colado à velha padaria Feola o bar Garnizé, local para voltar depois, se possível de banho tomado.

K 5,5 – É muito cedo para alguma coisa acontecer no seu coração, e é melhor mesmo que não aconteça, mas vai ser difícil não se emocionar com o cruzamento da Ipiranga com a avenida São João.

K 7 ao K 8,5 – Centro Antigo em seu melhor momento. Do Largo do Paissandu à praça da Sé passando pelo Teatro Municipal e Viaduto do Chá, nada incomoda aqui, nem mesmo a discrepância social entre corredores e moradores de rua, às centenas por aqui.

K 9 ao K 13 – Para quem não quer nem ouvir falar de subida, mesmo que ela seja a da Brigadeiro, um lenitivo: neste ano o itinerário segue pela muito mais plana avenida 23 de Maio.

K 14 – Passagem pelo Obelisco do Ibirapuera, tradicional pórtico de largada da mara de Essepê da Yescom. Sorria: a partir daqui não são 42 K, mas apenas 28 K!

K 24 a K 28 – Momento sombra e água (ainda provavelmente) fresca na sempre arborizada avenida Pedroso de Morais (e sua continuação, a Fonseca Rodrigues), no Alto de Pinheiros.

K 36 – Tirou a sorte grande. Na hora de voltar por dentro da Cidade Universitária, nada de subir ao Cavalo ou ficar fazendo intermináveis 180 graus nas transversais. Caminho direto e reto pela Raia da USP. Dois quilômetros favoráveis.

PERRENGUES

K 2 – A multidão que ainda não se dispersou encontra o primeiro afunilamento na virada à esquerda na rua Marta, saindo da avenida Pacaembu.

K 4 – Com apenas 1,5K de Minhocão, já se sai dele pela rampa de acesso da avenida São João, justamente a mais utilizada como banheiro a céu aberto pela rapaziada da redondeza. 

K 4,7 – Passagem pela praça Princesa Isabel, famosa pela estátua equestre do duque de Caxias de Brecheret e por abrigar a Nova Cracolândia, reajuntada ali depois que Alckmin-Doria decidiram trocar seis por meia-dúzia.

K 10 – Para quem tinha fetiche pela subida da Brigadeiro, a planura do vale da 23 de Maio pode encher um pouco o saco. Até o 11K leve subida, depois declive até o parque Ibirapuera.

K 17 – Primeira visita a um túnel, este sob a Santo Amaro, e o que isso representa em termos de descida e subida. No percurso da outra mara este aqui é o último túnel, a apenas dois quilômetros do pórtico de chegada.

K 19 – Túnel vedado sob o rio Pinheiros. Um quilômetro interminável, especialmente quando você já cumpriu dois terços da maratona, o que não é o caso no percurso da City. Prepare-se para ouvir gritos de futebol.

K 21 – Mais um tunelzinho, agora sob o enclave Vital Brasil-Francisco Morato. Subidinha chata ao final dele.

K 23 – Mais uma subidinha pra gente deixar de ser besta. Mas é rápida, no arco de acesso à ponte da Cidade Universitária.

K 33 – Pior momento do itinerário, em que uma arborizada Cidade Universitária é deixada por uma via fumacenta (com direito a uma fábrica alimentícia) na direção do Jaguaré.

K 39,5 – De novo aquele tunelzinho do 21K, agora na direção inversa e com seus quadríceps pedindo arrego. Tenha fé.

K 41 – Você está na frente do Jóquei, local onde diversas provas de corrida se encerram, mas acabam de te avisar que ainda falta 1K. Dureza.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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