Brasil ainda engatinha nas corridas de caridade

Paulo Vieira

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DANIEL KRUTMAN, nosso setorista de marketing e negócios da corrida, fala hoje do mercado de corridas com renda revertida para instituições de caridade.

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NO MUNDO TODO, AS CORRIDAS de caridade tiveram quedas relevante na captação de recursos diretos (oriundos dos corredores).

A queda global de cerca de 5% de receita ano após ano desde 2014 é relevante, considerado o valor arrecadado. Estima-se que o montante coletado pelas dez maiores organizações beneficiadas aproxima-se de US$ 1 bilhão.

Só a American Cancer Society, que organiza a prova  Relay for Life, captou 380 milhões de dólares em 2013, arrecadação recorde.

Especialistas do mercado veem no próprio formato tradicional das corridas a razão da queda. Elas perderam espaço para as corridas-conceito e para eventos que lembram baladas.

Em entrevista, um executivo da Event 360, empresa americana especializada em eventos esportivos para caridade, apontou mais uma razão. A de que os jovens que participam dessas corridas preferem doar tempo livre e força de mobilização ao invés de deixar o vil metal. “Eles buscam uma gratificação imediata”, disse.

As instituições têm de se adaptar a esse novo cenário.

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E isso começa a acontecer, vide o fortalecimento das mud races (corridas com obstáculos para duplas ou equipes) e dos prêmios para quem doa – área VIP, massagens, selos estampados na camiseta de corrida.

No Brasil, estamos alguns passos atrás. Há corridas que já são tradicionais no calendário, como a que ajuda o GRAAC, instituição que trata crianças e adolescentes com câncer (você pode se inscrever para a de maio, em São Paulo, aqui), ou a da Olga Kos de Inclusão Cultural, entidade que ajuda pessoas com autismo e síndrome de Down – a próxima é em março, detalhes aqui.

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Mas há raros espaços para doações diretas em eventos de corrida por aqui.

E não é por falta de solidariedade. Em 2015, brasileiros doamos cerca de 18 bilhões de reais para instituições de caridade entre dinheiro, bens e valor do trabalho voluntário.

Há, portanto, potencial.

Meu diagnóstico é também uma critica aos organizadores: falta compromisso com entidades e entendimento da sua própria capacidade de mobilização. Corrida é doação.

Escondidos na desculpa de que “brasileiro não doa” faltam iniciativas sérias como as que estão espalhadas pelo mundo.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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