A velha mara de Sampa, deboas e perrengues

Paulo Vieira

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BASTARAM DUAS ÚNICAS EDIÇÕES para a que a nova maratona de São Paulo, a SPCity, se afirmasse como a melhor mara da cidade, desbancando a sempre problemática Mara de São Paulo.

Percurso mais divertido, atrações bacanas ao longo da prova, largada bem cedo para que o corredor não desmaie lá pelo 32K. Estes e outros fatores fizeram da City “a” mara de São Paulo.

Mas é a decana prova da Yescom/Globo que acontece em Sampa neste domingo, dia 8, abrindo o calendário oficial de maras brasileiras.

O percurso, estranhamente, não foi alterado, e mantém-se assim o predicado desta mara de começar e terminar num mesmo ponto. Infelizmente tal ponto, o Obelisco do Ibirapuera, é ruim de transporte público, muito distante do metrô.

Uma boa notícia: a temperatura, segundo a previsão da Climatempo, não vai machucar. Mínima de 19 e máxima de 26 Celsius.

Como já é tradição neste pasquim, veja os perrengues e as deboas da mara deste domingo.

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DE BOAS

Chegada e largada no mesmo ponto, o Obelisco do Ibirapuera. Um benchmarking mundial, não fosse ele pessimamente servido por transporte público.

Para quem ainda está no começo da corrida, ânimo a mil, a Avenida JK sugere a Madison, o Rodeio Drive, a Regent St. Do 4K ao 6K tem o complexo gastronômico-turístico Eataly, o pujante cruzamento com a Nova Faria Lima e o contorno do Parque do Povo Wasp.

Embora cedo, e o calor portanto ainda não se consistindo em problema, a arborização do 11K ao 20K pela avenida Pedroso de Morais, de Pinheiros até o Villa-Lobos, é notável e agradável. Bois de Bologne à paulistana.

Na mesma pegada, um quinto da prova, oito quilômetros dela, ocorre dentro do campus da USP, um dos locais mais arborizados da cidade. O fato de muitos corredores treinarem na USP também pode dar uma sensação de jogo “em casa”, e isso valer como lenitivo – ou placebo.

Boas energias vêm de graça no 24K e 27K, pontos de saída da tigrada que acaba de concluir a prova de 24K.  Ao olhar os maratonistas, costumam pensar: “Sou você amanhã” (embora há os que digam: “Fui você ontem.”)

DEU RUIM

Chegar de metrô ao Obelisco do Ibirapuera, local da largada? Só se você quiser fazer um aquecimento de 3K antes da prova.

Rio Pinheiros, prova cabal do nosso fracasso como sociedade, com suas cenas de poluição explícita e desdém implícito, domina o cenário no 6K (ponte Cidade Jardim), 10K e 20K (ponte Cidade Universitária).

Trecho da rampa do “Cavalo”, apelido da estátua equestre que homenageia o arquiteto Ramos de Azevedo dentro do campus da USP. A não ser que você só corra em Buenos Aires, certamente já enfrentou subidas piores na vida. Mas são 300 metros pouco convidativos bem na hora em que a prova começa a pesar: o 28K.

Constantes idas e voltas por uma mesma avenida. A pior delas, visualmente falando, é a Escola Politécnica, onde há que se percorrer 4K. Um fábrica fumarenta de produtos alimentícios dá o tom “3 apitos”.

Entre o 37K e o 38K, o delirante sob todos os aspectos túnel sob o rio Pinheiros, uma longa travessia de 1K; a claustrofobia só não enlouquece os sobreviventes porque a endorfina já havia deixado todo mundo doidão antes.

Perto do 40K, passagem sob a avenida Santo Amaro. Diz-se que tudo o que desce sobe (ou seria o contrário?), mas este pequeno túnel está aqui para provar o contrário.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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