Para aprender COMO comprar um tênis

Paulo Vieira

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DAS DEZENAS DE FERRAMENTAS DO GOOGLE acopladas a este pasquim tenho o hábito de consultar uma, o Analytics, que, entre outras coisas, registra a audiência de todos os posts publicados aqui.

O negócio é meio viciante e ele seguramente rouba minutos preciosos do meu dia, minutos que poderiam ser dedicados à leitura da poesia clássica, aos sermões do padre Vieira, à adubagem das plantas ou ao cascalho – cascalho aliás que eu ando a evitar por conta de uma manifestação jamais vista na história da minha panturrilha esquerda.

Como era de se esperar, os posts de maior audiência não trazem os relatos parnasianos de minhas cinco maratonas e inumeráveis meias, mas sim dicas de como amarrar o tênis, de como dar um truque no cadarço desfiado, do que fazer com o joelho dolorido (rezar, claro) etc.

Na parada de amarrar o tênis, fomos generosos. Tem até este vídeo no canal JQC do YouTube – o que tá fazendo que ainda não se inscreveu lá?

Pois hoje eu decidi reviver um dos posts mais lidos da tenra, curta e vibrante história deste JQC, escrito pela colega especializada em tênis Julia Zanolli.

Trata-se do Guia Completo do Tênis.

O Guia tem uma certa idade, então há que se dar um desconto. A sacada dele é ajudar o leitor a saber COMO comprar, não o quê comprar.

Não existe o tênis perfeito. Alguns podem ser melhores que outros, mas o que é bom para um consumidor, como se sabe, pode não ser para outro.

Eu, por exemplo, se colocar o amado Gel Kayano 23 nos pés, como fiz no teste aqui linkado, sinto-me como se tivesse tamancas sob os pés.

Mas vamos logo ao Guia. Evoé. Tmjnt, Julia.

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A maioria das pessoas compra tênis por causa da aparência. Não estou falando de você, corredor descolado e safo, mas de quem está começando a treinar ou nunca se informou sobre o tema.

Não escolha um modelo só porque é o mais bonito. Se não for bom, ele pode deixar seu pé bem feio e sem unhas.

Foto: Josiah Mackenzie/Flickr
Foto: Josiah Mackenzie/Flickr

Mas também tem muito corredor com bastante quilometragem que se rende às últimas tecnologias do momento, que curiosamente sempre têm nomes estapafúrdios. Em inglês.

Resista à tentação de trocar de tênis a cada estação. Muitas vezes as novas versões dos tênis mudam apenas a cor ou algum outro detalhe.

O fenômeno “quanto mais caro, melhor” também rola solto nas prateleiras Brasil afora. Pense bem no que você realmente precisa.

Os modelos mais caros costumam ser da linha running performance, mas algumas marcas têm bons produtos com tecnologias mais simples e baratas.

E pensar no que você precisa não é só considerar seu tipo de pisada (neutra/pronada/supinada), mas também o que você vai fazer com aquele tênis.

Considere o tipo de corrida. Longões pedem mais amortecimento, já tiros ou provas curtas, modelos mais leves. Leve em conta também o tipo de terreno, seu peso e volume de treino semanal.

E antes de comprar procure calçar o tênis e andar com ele o quanto puder. Nessa hora preste atenção se há algum ponto de atrito ou muito justo. Flexione o pé para ver se é flexível, pule, dance, aproveite o espaço da loja para ver se o tênis é confortável.

Se for fechar a compra pela internet, tente antes passar numa loja de carne e osso para testar o modelo preferido.

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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