COMO É DE CONHECIMENTO DO HAPPY FEW (ui!), comi o pão que o kiwi (a ave, não a fruta) amassou na maratona de Hawke’s Bay, na Nova Zelândia, objeto do relevante post que vai abaixo.
MINHA TERCEIRA MARATONA: A PRIMEIRA QUEBRA A GENTE NUNCA ESQUECE
Um vento contrário da ordem de 20 nós – faça a conversão aí – insistia em soprar contra, mesmo quando fazíamos guinadas de 180 graus (ou seriam de 360?).
Mas o vento era apenas um dos ingredientes. Havia as poucas horas de sono, a ausência de carboidrato no jantar de véspera e, claro, o dia inteiro vivido em três aviões diferentes para chegar àquele começo de mundo – considerando que na Oceania, naqueles dias, o Temer já havia caído.
Tá, você entendeu.
Cheguei ao destino na sexta-feira, 12 de maio, por volta das 10h, e meus 42K estavam marcados para o dia seguinte, sábado, não para o domingo, como eu imaginava.
A questão que fica é: como evitar que o jat lag não prejudique sua corrida?
Fui então ao oráculo, o emérito fisiologista do exercício e ex-atleta olímpico Paulo Correia, que já teve de se entender muitas vezes com aeroportos, conexões e sono de menos quando disputava provas em Pequim, Xangai, Moscou, Katmandu, Ulan Bator.
PAULO CORREIA E O MITO DA PERDA DO CONDICIONAMENTO
PAULO CORREIA EXPLICA A CÂIMBRA NOTURNA
Ele ensina abaixo aos amáveis leitores do JQC algumas estratégias para contornar a falta de sono e os fusos horários hostis.
(PREMISSA) “Como nosso organismo responde ao ciclo circadiano do local de origem [onde vivemos], quando chegamos a lugares distantes, com fuso muito diferente, nosso sistema hormonal não está adequado.”
(ESTRATÉGIA/ANTES DO EMBARQUE) “Se não houver tempo para ‘entrar’ no fuso horário local, ou seja, se a competição ocorrer nos três primeiros dias após o desembarque, tente simular o fuso da prova aqui no Brasil.
Faça isso dormindo em horários próximos ao horário de sono de lá, assim como treinando nos horários de lá. Se o fuso é de 12 horas, por exemplo, e se você treina pela manhã no Brasil, treine à noite.”
(ESTRATÉGIA/ANTES DO EMBARQUE) “Durma o mais tarde possível no Brasil para ir se acostumando com o fuso do destino.”
(ESTRATÉGIA/APÓS O DESEMBARQUE) “Para entrar no fuso local é preciso respeitar os horários de sono (noite) e vigília (dia) locais. Se precisar retardar o sono, uma aliada é a luz LED de smartphones e notebooks. E se for o caso de induzir o sono, use óculos escuros.”
(INSÔNIA NA VÉSPERA DO DIA M) “Se você nunca consegue dormir direito antes da maratona ou de outras provas importantes, pode tentar começar a descansar no meio da tarde fazendo alguns cochilos [preventivos]. Desde que esses cochilos não atrapalhem seu sono da noite.
E, de noite, procure ir para a cama o mais cedo possível. Caso você acorde no meio da madrugada, terá dormido quem sabe cinco ou seis horas, o que costuma ser suficiente para fundistas.”