A corrida espacial pelo recorde da maratona

Paulo Vieira

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GUILHERME ROSEGUINI já havia dito que estava por contar essa história no Esporte Espetacular, o dominical da TV Globo. No encontro que tivemos em fevereiro só não disse que a reportagem iria ao ar tão já  – foi anteontem.

Roseguini mostrou com didatismo, infográficos e entrevistas in loco dos atores principais do tema, combinação que é marca de suas reportagens no programa, o que está por trás do projeto delirante de fazer até 2020 um maratonista baixar o suadíssimo recorde de Dennis Kimetto, do Quênia, que hoje é de 2:02:57, para menos de duas horas.

A GRANDE MATÉRIA DE GUILHERME ROSEGUINI

ERRAMOS, COMO SÓI ACONTECER

DOSSIÊ A CASA CAIU, E AGORA?

PROTAGONISTA DA PRÓPRIA HISTÓRIA

NA FESTA DA NIKE, A SOLIDÃO DO CORREDOR CASMURRO

PERFORMANCE E VAIDADE

AS MARCAS SE MEXEM

DO QUE FALO QUANDO EU NÃO FALO COM MURAKAMI

Numa projeção matemática considerando a velocidade de quebra desse recorde ao longo dos anos, o objetivo seria alcançado em 2038 – outras fontes falam em 2070.

O que está por trás, evidentemente, é dinheiro. Nike e Adidas se digladiam para lançar o maior número de produtos de performance que puderem. Desejam também que um dos atletas africanos que patrocinam tenha a honra de ficar com a marca, capitalizando sobre essa disputa que é comparada a uma corrida espacial.

2pm

A Adidas já testou seu tênis sub2h numa prova “major”, a maratona de Tóquio, e Wilson Kipsang, o único atleta a tê-lo nos pés até aqui, voou baixo, não só vencendo a prova como baixando o recorde da corrida em quase dois minutos, para 2:03:58.

O contra-ataque da Nike deve ser dado fora do circuito de maratonas, numa pista nobre do automobilismo, o autódromo de Monza, para onde já testa sua tropa de elite africana (o queniano Eliud Kipchoge, o etíope Lelisa Desisa e o eritreu Zersenay Tadese).

Em Monza, creem os americanos, concentram-se as condições ideais de temperatura, pressão e topografia (e possivelmente de ampliação de “buzz”). O recorde não deverá ser homologado pela autoridade mundial de atletismo, o IAAF.

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O mais legal da matéria de Roseguini é que Nike e Adidas estão fora dela. O araraquarense foi atrás de quem começou mesmo essa história em 2014, o cientista Yannis Pitsiladis, da universidade de Brighton, na Inglaterra, especialista em antidoping, que disse acreditar “há mais de uma década na quebra do recorde”.

O repórter que começou na Folha de S.Paulo também falou com o parceiro de Pitsiladis no projeto, o holandês Jos Hermens, empresário de atletas de elite, que compara a quebra do patamar de 2 horas com “colocar um astronauta na lua”. “Não tem como não se empolgar.”

A busca da dupla é multidisciplinar. Nutrição, biomecânica, estratégias de treinamento e sim, o melhor calçado possível, são algumas das variáveis com que se preocupa a equipe do sub2h. Veja mais sobre o projeto na página oficial, em inglês, aqui.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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